“É a primeira vez que temos uma nutricionista na missão. A direção clínica deste ciclo olímpico apostou nesta área de intervenção depois do trabalho ao longo dos últimos cinco anos, que culmina agora com a viagem a Tóquio e integração na missão olímpica”, confirmou Cláudia Minderico
A nutricionista integra a Direção de Medicina Desportiva do Comité Olímpico de Portugal (COP), que é chefiada pelo médico José Gomes Pereira e conta ainda com a psicóloga Ana Bispo Ramires.
À agência Lusa, Cláudia Minderico reconheceu que a nutrição é um “ponto central da preparação dos atletas”, que estão cada vez mais despertos para temas além do treino desportivo e que partiu deles o pedido de terem em Tóquio a presença de um profissional de nutrição.
“Tem sido muito bem vista por eles a nossa integração na missão olímpica, até porque temos recebido inúmeros pedidos para um acompanhamento mais individualizado. Todos os Centros de Alto Rendimento têm apoio nutricional, mas sabemos que são tantas as necessidades que um nutricionista apenas não pode garantir esse apoio individualizado, que é o que lhes permite ter um rendimento maximizado”, afirmou.
Se é verdade que nenhum atleta consegue chegar aos resultados que ambiciona sem um treino específico, trabalho e dedicação, a nutricionista não tem dúvidas de que o seu contributo pode ser decisivo para os portugueses se destacarem entre os melhores do mundo em Tóquio2020.
“As adaptações induzidas pelo treino são potenciadas ou, por outro lado, podem ficar comprometidas se não tiverem os nutrientes adequados para as suportar e fomentar. O treino realiza-se com um determinado volume e intensidade com o objetivo de atingir determinadas adaptações fisiológicas, que obviamente estão dependentes da qualidade e quantidade de nutrientes, sobretudo no pré e pós exercício”, explicou a nutricionista.
O trabalho desenvolvido pela nutrição implica a definição e periodização de cada atleta individualmente, na forma de um plano alimentar alinhado semanalmente para cada dia de treino.
“Tal como o treino é periodizado, a alimentação deve acompanhá-lo a par e passo. Os atletas estão cada vez mais despertos para estes benefícios, assim como os seus treinadores, e os resultados começaram de imediato a aparecer nos casos em que passamos a fazer esse apoio individualizado”, revelou Cláudia Minderico.
O pré e pós prova são preocupações dos atletas e dos seus treinadores. A nutrição está presente nesses momentos competitivos, mas a nutricionista sublinha que hoje “os atletas já sabem que a alimentação não tem apenas papel nesses períodos”.
“A nossa manipulação vai permitir adaptações sistémicas que vão muito além desses períodos pontuais. São alterações que têm impacto no desempenho e no seu rendimento desportivo. E, cada vez mais, eles percebem que não há só um efeito imediato, mas efeitos sistémicos quando a alimentação é cuidada ao longo de todo o dia e pensada sessão a sessão”, concluiu.
Os Jogos Olímpicos, adiados um ano devido à pandemia de covid-19, vão decorrer entre sexta-feira e 08 de agosto.
LUSA/HN
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