17/01/2023
“No início de junho de 2020, o Presidente [Emmanuel] Macron sugeriu a ideia, inicialmente em privado, de um esforço de colaboração francês, britânico e alemão sobre a vacina, o que de facto fazia muito sentido porque esses três países tinham muito do que era necessário para avançar rapidamente”, contou Tim Hames.
Porém, acrescentou, “a Comissão Europeia não podia ter ficado menos entusiasmada com a ideia de os principais estados membros irem sozinhos e tentarem chegar lá mais rapidamente do que eles estavam”.
Posteriormente, em 2021, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, atribuiu o atraso na compra de vacinas às farmacêuticas e início dos programas de imunização relativamente ao Reino Unido ao facto de as decisões envolverem 27 países.
“Sei que um país sozinho pode ser uma lancha, enquanto que a UE é mais um petroleiro”, comparou, numa entrevista ao jornal francês La Croix.
Hames falava na conferência “A corrida para vacinar – Quais são as lições da campanha de vacinação Covid-19 do Reino Unido?”, organizada pelo Instituto Real de Relações Internacionais (Chatham House) em Londres.
Juntamente com a antiga a presidente do grupo de trabalho do governo britânico para as vacinas, Kate Bingham, o antigo jornalista escreveu o livro “The Long Shot: The Inside Story of the Race to Vaccinate Britain” sobre os bastidores do programa de vacinação britânico, que começou em dezembro de 2020.
A desconfiança entre Bruxelas e Londres pós-Brexit também se refletiu do outro lado do Canal da Mancha, revelou Hames, quando um especialista italiano foi identificado para uma vaga no grupo de trabalho encarregado de identificar as vacinas mais promissoras.
“Para alguns [no Governo britânico] (…) contratar um marciano teria recebido uma receção mais feliz e calorosa. A noção de que alguém estrangeiro teria qualquer tipo de vantagem sobre o que estávamos a fazer é muito estranha”, disse.
Bingham disse que responder diretamente ao primeiro-ministro britânico da altura, Boris Johnson, foi essencial para o sucesso do projeto.
“Ele disse que [a vacina] não precisava de ser perfeita, mas que precisava de ser rápida. E essas eram as instruções certas e as mesmas que a [Operação] ‘Warp Seep’ dos EUA. A ênfase na velocidade em vez do custo, penso eu, estava certa”, afirmou.
LUSA/HN
11/01/2023
Segundo as autoridades, as seis pessoas esfaqueadas sofreram ferimentos ligeiros. O atacante foi alvejado pela polícia e, segundo o ministro do Interior francês, Gerald Darmanin, está “entre a vida e a morte” no hospital.
O balanço anterior das autoridades francesas indicava cinco feridos.
O incidente ocorreu às 06:45 (05:45 em Lisboa) na Gare du Nord, uma grande estação de comboios da capital francesa, num horário de grande movimento.
Até ao momento, não há evidências que sugiram tratar-se de um ataque terrorista, de acordo com uma fonte ouvida pela AFP, que referiu que essa hipótese “não é privilegiada”.
A procuradoria francesa abriu uma investigação confiada à brigada criminal da polícia judiciária de Paris.
A Gare du Nord é a estação líder na Europa e a terceira no mundo em termos de tráfego, pois recebe 700.000 pessoas por dia e mais de 220 milhões de passageiros por ano.
Os comboios de partida servem o norte da França, mas também destinos internacionais como Londres via Eurostar, ou Bélgica e Holanda via Thalys.
Por algum motivo que ainda não foi determinado, o homem feriu várias pessoas com uma arma branca. Os agentes da polícia subjugaram-no com recurso a suas armas, acrescentou a mesma fonte. O agressor foi tratado no local pelos serviços de emergência, antes de ser hospitalizado, segundo a procuradoria.
A companhia ferroviária estatal SNCF indicou que os feridos foram retirados da estação logo após a chegada dos serviços de emergência ao local do ataque. Segundo o jornal francês Le Figaro, um agente ficou ferido.
Um perímetro de segurança foi implantado imediatamente no local do ataque.
Um anúncio foi transmitido alertando os viajantes sobre atrasos nos comboios.
“A estação continua funcionando normalmente, sem interrupção do tráfego”, comentou à AFP um porta-voz da SNCF.
Os polícias instalaram grandes panos brancos sobre as escadas de acesso aos comboios Eurostar para esconder a visão do local aos viajantes.
“Obrigado à polícia pela sua reação corajosa e eficaz”, disse Gérald Darmanin na rede social Twitter.
Gérald Darmanin esteve no local do incidente por volta das 09:00 (08:00 em Lisboa), cercado por um substancial dispositivo de segurança, para “agradecer às forças de segurança” junto do chefe da polícia de Paris, Laurent Nunez, da procuradora Laure Beccuau, e da autarca da capital francesa, Anne Hidalgo.
LUSA/HN
06/01/2023
“Conheço o desgaste pessoal e coletivo, esta sensação por vezes de perda de sentido que se instalou, a sensação profunda de passarmos de uma crise para outra”, admitiu o Presidente francês.
Macron lembrou que tem feito esforços para resolver a crise no sistema de saúde francês, com medidas como a abolição do “numerus clausus” que limitava o número de estudantes de medicina, ou a legislação que, perante a pandemia de covid-19, permitiu injetar anualmente 12 mil milhões de euros para melhor remunerar os cuidadores e 19 mil milhões para investir nos hospitais.
Contudo, na campanha eleitoral do ano passado, Macron reconheceu que os esforços do seu Governo eram insuficientes e fez da saúde uma das prioridades para o seu segundo mandato.
Recordando que a formação de novos médicos pode demora, o Presidente avisou que será preciso “viver os próximos anos” com a atual escassez de cuidadores, pelo que antecipou soluções para colmatar as carências por outros meios, libertando “o tempo do médico perante os doentes”.
Macron prometeu “acelerar o recrutamento de médicos assistentes”, criado em 2018, para passar dos cerca de 4.000 novos médicos anuais, atualmente, para 10.000 até ao final de 2024.
Ao mesmo tempo, o Presidente francês assegurou que, a partir do final deste ano, todos os doentes com doenças crónicas sem médico assistente receberão um.
Num raro comunicado de imprensa conjunto, a Ordem dos Médicos e os sindicatos dos médicos delinearam, na quinta-feira, na véspera dos anúncios de hoje do Presidente, a sua linha vermelha, garantindo que se irão “opor a um sistema de saúde a várias velocidades”, que alegam não respeitar o papel dos cuidadores.
LUSA/HN
04/01/2023
“Nenhum país quer assistir a um surto epidémico no seu território, não depois de todos os esforços e sacrifícios feitos ao longo de quase três anos”, afirmou o porta-voz do Governo francês, Olivier Véran, no final do Conselho de Ministros.
A apresentação de um teste negativo para a covid-19 com menos de 48 horas aos viajantes provenientes da China é “uma medida de bom senso para proteger os nossos concidadãos e que tomamos sem pestanejar”, declarou o porta-voz.
A partir de quinta-feira, será obrigatório a qualquer passageiro que voe da China para França apresentar um teste negativo feito menos de 48 horas antes do embarque.
“Foi realizada uma operação num aeroporto” na terça-feira com “testes a passageiros assintomáticos que chegaram da China”, indicou Veran.
“Um em cada três testes deu positivo, revelando assim a necessidade das medidas de controlo que colocamos em prática”, sublinhou o também ex-ministro da Saúde.
Na terça-feira, a China considerou “inaceitável” a imposição de testes de covid-19 por uma dúzia de países a viajantes provenientes da China.
Também na terça-feira, uma comissão de especialistas em saúde dos 27 membros da União Europeia (UE), o Comité de Segurança da Saúde, defendeu a imposição de testes aos viajantes provenientes da China “por esmagadora maioria”.
A Suécia, na qualidade de Presidente do Conselho da União Europeia, convocou uma reunião do Mecanismo de Resposta Política a Situações de Crise (IPCR) do Conselho para hoje, com o objetivo de discutir a questão das restrições de entrada tendo em vista um acordo comum entre os países do bloco europeu nesta questão.
A China mantém as suas fronteiras encerradas para estrangeiros desde 2020. O país não emite vistos para turistas há quase três anos e impõe quarentena obrigatória à chegada no seu território.
Estas medidas de isolamento serão levantadas a 08 de janeiro, mas continuará a ser necessário um teste de rastreio de menos de 48 horas antes da chegada ao território chinês. A medida coincide com a esperada e gradual retoma das viagens ao estrangeiro pelos chineses após três anos em que estavam proibidas.
Como precaução, uma dúzia de países, como Itália e Estados Unidos, decidiu impor testes PCR a viajantes provenientes da China, que está a ser atingida por uma onda de casos da covid-19.
Marrocos, por exemplo, proibiu simplesmente a entrada no seu território a todos os viajantes provenientes da China, “independentemente da sua nacionalidade”.
LUSA/HN
04/01/2023
Embora os cientistas sejam, juntamente com os médicos, os profissionais que mais confiança social suscitam, os cidadãos demonstram um notável desconhecimento de algumas das grandes figuras históricas da ciência.
Estes são alguns dos principais resultados de um estudo da Fundação BBVA sobre cultura científica na Europa, realizado em Espanha, Alemanha, França e Reino Unido, que se baseou em inquéritos a 1.500 adultos por país.
O estudo revela que a maioria da população interessa-se por ciência e acompanha as informações científicas através de canais convencionais e digitais, e que quase metade da população fala sobre ciência nas suas conversas do dia-a-dia.
Em países como a Alemanha, de resto, os cidadãos atingiram um grau de familiaridade alto ou médio-alto, como no caso da Espanha, França e Reino Unido, e manuseiam uma ampla gama de conceitos científicos.
A maioria dos cidadãos entende conceitos científicos elementares sobre diversos tópicos como a divisão celular e a origem do universo ou a evolução dos seres humanos, e mostra um nível muito mais fraco de compreensão de antibióticos, alterações climáticas, genes ou modificação genética.
Assim, 67% dos espanhóis e 74% dos países como um todo, atribuem grande ou considerável importância ao fato de uma teoria ser publicada numa revista científica, mas, ao mesmo tempo, quase metade dos inquiridos considera que algo é muito importante quando é relatado num jornal ou na televisão.
Os europeus conhecem o nome de alguns dos grandes cientistas, especialmente da física, como Albert Einstein, Isaac Newton, Marie Curie ou Galileu Galilei.
A bastante distância destes cientistas, segue-se Charles Darwin, que atinge uma percentagem significativa de menções em todos os países.
No Reino Unido e na Espanha, Stephen Hawking também é muito mencionado, naquele que é talvez o cientista com mais presença nos ‘media’ nas últimas décadas.
No entanto, grande parte da população desconhece figuras monumentais do século XX como Max Planck, Niels Bohr, Francis Crick e James Watson.
Marie Curie é a única mulher com alto percentual de menções em todos os países, sendo que na Alemanha aparecem mais duas mulheres atrás de Curie, Maria Goeppert-Mayer (segunda mulher agraciada com o Prémio Nobel de Física) e a matemática Emmy Noether, enquanto no Reino Unido, os cidadãos também reconhecem Ada Lovelace.
Os entrevistados valorizam muito a ciência porque esta “revela aspetos fascinantes da natureza”, porque é “o conhecimento mais confiável e verdadeiro” ou porque “reduz superstições e medos do passado”.
Os europeus deixaram para trás conceitos de décadas passadas como: “estaríamos melhor a viver sem tanta ciência e tecnologia” ou “a ciência destrói os valores morais das pessoas”.
Pelo contrário, depositaram grandes expectativas no contributo da ciência para o tratamento do cancro (76% espanhol e 79% nos outros três países) e para ajudar a prolongar a vida e a saúde das pessoas, e a obter fontes de energia limpa e abundante.
Sobre o controlo da investigação científica, há divisão entre os países alvo do estudo, com o Reino Unido e Espanha a acreditar que esta deve ser controlada por cientistas, enquanto na Alemanha, preferem que seja controlada pela sociedade.
Mas a maioria acredita que a ética deve impor limites aos avanços científicos (72% em todos os países).
LUSA/HN