Doentes açorianos deslocados aguardam por reembolsos há mais de seis meses

3 de Agosto 2024

Os doentes açorianos que residem em ilhas sem hospital e que necessitam de se deslocar ao Hospital da Horta para consultas, tratamentos, exames ou cirurgias estão “a aguardar reembolsos há mais de seis meses”, denunciou hoje o PS.

“Para quando é que prevê que estes doentes sejam ressarcidos dos reembolsos a que têm direito?”, questionou Dora Valadão, deputada do grupo parlamentar do PS à Assembleia Legislativa dos Açores, num requerimento entregue no parlamento, solicitando esclarecimentos ao executivo de coligação (PSD/CDS-PP/PPM) sobre estes atrasos.

Os atrasos no pagamento de reembolsos são admitidos pela presidente do Conselho de Administração do Hospital da Horta, Teresa Ribeiro, que em declarações à Lusa explicou que a demora se deve a “dificuldades de tesouraria”.

“A justificação são as dificuldades de tesouraria que nós temos, que são fruto de muitos anos de dívida acumulada, por um lado, e, por outro lado, o aumento dos preços, em tudo o que é material clínico e medicamentos. Precisamos de mais dinheiro para fazer face a todas estas dificuldades”, explicou a administradora hospitalar.

A bancada do PS na Assembleia Legislativa dos Açores pergunta também, no mesmo requerimento, quantos doentes deslocados estão a ser acompanhados no Hospital da Horta e se encontram com pagamentos de diárias em atraso.

“Há doentes que já tiveram de se deslocar da sua ilha por mais do que uma vez para o tratamento da sua doença, sem que tenham recebido os reembolsos das deslocações anteriores, e por isso começam a ter sérias dificuldades em suportar os custos de várias deslocações, sem receber atempadamente o reembolso a que têm direito”, lembrou Dora Valadão.

Os socialistas recordam que muitos destes pacientes do Serviço Regional de Saúde são “doentes oncológicos”, que precisam de um “acompanhamento prolongado” num dos hospitais da região e que têm de suportar encargos com transportes, estadia e alimentação, entre outros, e que, em alguns casos, já começam a tornar-se “incomportáveis”.

“Lutar pela vida é um direito de cada pessoa e já é de si suficientemente penoso. Se juntarmos a este combate a criação, desnecessária, de dificuldades económicas, então algo está muito mal nos Açores”, lamentou Dora Valadão, acrescentando que o Governo Regional “tem de assegurar os meios para que todos os açorianos possam aceder a cuidados de saúde dignos”.

A Administração do Hospital da Horta garante, porém, que, só este ano, aquela unidade de saúde já pagou cerca de “meio milhão de euros” de reembolsos, sobretudo aos doentes provenientes de famílias mais carenciadas.

“O serviço social tem sempre cuidado de assegurar o pagamento àquelas pessoas que estão em agregados com rendimentos menores, normalmente do escalão A e B, ou utentes que têm períodos de deslocação mais prolongados, pela doença que têm, e que os faz permanecer durante mais tempo longe da sua ilha”, justificou Teresa Ribeiro.

LUSA/HN

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