Praias da Costa de Caparica com poucos banhistas que só querem “manter a sanidade mental”

3 de Maio 2020

É um dos areais mais frequentados do país, mas hoje as praias da Costa de Caparica, em Almada, continuaram com poucos banhistas que apenas aproveitaram o bom tempo para caminhar, fazer exercício e “manter a sanidade mental”.

“Eu nasci junto ao mar e o mar faz parte da minha vida. Estar sem sentir o cheiro do mar é bastante desconfortável e, por isso, vim até aqui”, disse à Lusa João Raimundo, de 75 anos, que observava a Nova Praia a partir do carro, com a sua mulher.

O homem não sabia que o estado de emergência já tinha terminado, mas ficou expectante por poder voltar ao areal em breve.

“Quando houver possibilidade vamos molhar os pés, mas agora dá para apanhar um bocadinho do ar fresco do mar e manter a sanidade mental”, considerou.

O paredão e as praias da Costa de Caparica, em Almada, no distrito de Setúbal, estão interditos à população desde 27 de março devido à pandemia de covid-19, mas os munícipes continuam a conseguir passar e permanecer algum tempo no areal.

Foi o caso de Miriam Mateus, de 37 anos, que aproveitou o bom tempo de hoje para treinar ao ar livre, o que tem feito nos últimos dois meses porque “o acesso ao ginásio está vedado”.

Além disso, defendeu que as praias devem começar a abrir ao público porque “faz bem a nível mental”.

“Agora especialmente, depois de ter sido levantado o estado de emergência, acho que é importante, mas tomando as medidas necessárias. Obviamente que existe risco, mas faz bem, desde que seja controlado e tomadas as devidas precauções: o uso de máscara e o distanciamento social”, mencionou.

Neste sentido, Maria Antunes, de 67 anos foi exemplar: passeava com o marido, a filha e o cão, mas de máscara e luvas.

Pelas 12:00, o termómetro já marcava 24 graus e Márcio, de 38 anos, estava sentado à beira da água com o filho a aproveitar para “apanhar um ar diferente”.

“Estava um pouco cansado psicologicamente de estar dentro de casa com a família. Desde que tenham medidas de segurança, é importante para muitas pessoas que estão fartas de estar em casa e não têm para onde sair”, apontou.

Além disso, o homem mostrou preocupação com os concessionários de praia que estão encerrados há quase dois meses.

“Há muitos empresários e microempresários que não têm como se manter, não têm capital e isso está a prejudicar também os funcionários que podem ser despedidos”, advertiu.

Num ano “normal”, as praias da Costa de Caparica já estariam cheias de banhistas, mas hoje permaneceram quase vazias, sem um único guarda-sol e com distanciamento social.

Também não faltou a passagem e alerta da Polícia Marítima de que “não se pode permanecer no areal por muito tempo”.

Na quinta-feira, o primeiro-ministro, António Costa, anunciou que o acesso às praias e ao mar vai ser possível a partir de segunda-feira para a prática de desportos náuticos, mas, para a população em geral, ainda está a ser avaliado “com os municípios e as capitanias”.

Segundo o plano de desconfinamento apresentado pelo governante, foi identificado um conjunto de atividades relacionadas com as praias em que se julga “ser possível eliminar restrições ao longo de três períodos”, a partir de 04 de maio, 18 de maio ou 01 de junho”.

Portugal regista hoje 1.043 mortos relacionadas com a covid-19, mais 20 do que no que sábado, e 25.282 infetados (mais 92), segundo o boletim epidemiológico divulgado hoje pela Direção-Geral da Saúde.

Portugal entrou hoje em situação de calamidade, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.

Esta nova fase de combate à covid-19 prevê o confinamento obrigatório para pessoas doentes e em vigilância ativa, o dever geral de recolhimento domiciliário e o uso obrigatório de máscaras em transportes públicos, serviços de atendimento ao público, escolas e estabelecimentos comerciais.

LUSA/HN

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