Devido à covid-19, Ana Loura, de 67 anos, esteve 24 dias internada, entre 12 de março e 05 de abril. Em declarações à Lusa, disse que há um relatório de uma TAC [tomografia computadorizada] do Hospital de São João que fala num nódulo num dos pulmões e aconselha a ser vista e tratada após a crise pandémica, “mas tal nunca é referido na nota de alta” hospitalar, nem sequer oralmente.
“Isso foi-me sonegado pelo Hospital de São João. Já mandei um mail a reclamar e até agora não tive resposta. Mas é um dado importante para quem tem uma alta [hospitalar], que é saber que tem um problema, que pode ter sido provocado pela covid-19, pode ser uma sequela e não vem referido na nota de alta”, criticou.
Ana Loura contou que só descobriu que tem um nódulo e que tem de ser acompanhada após sentir muito cansaço e se ter dirigido ao centro de saúde em Vila do Conde, distrito do Porto.
Contactada pela Lusa, a presidente do Conselho Clínico do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) da Póvoa de Varzim e Vila do Conde, Maria José Campos, explicou que recomendou à paciente Ana Loura que deveria ser acompanhada por um pneumologista, acrescentando que “a doente recuperada foi avaliada como utente esporádica” naquele centro de saúde.
A Lusa questionou a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS Norte) e fonte oficial explicou que o acompanhamento de doentes pós internamento por covid-19 prossegue “de acordo com as orientações definidas pela Direção-Geral da Saúde”.
“Existe articulação entre o hospital — Sistema de Gestão de Alta — e a equipa de Saúde Familiar da Unidade de Saúde onde os mesmos se encontram inscritos, para esse efeito”, lê-se numa nota por escrito enviada à Lusa.
Fonte médica do São João explicou à Lusa, por seu turno, que o Centro Hospitalar não tem capacidade para seguir todos os doentes internados no Serviço de Infecciologia, no pós alta hospitalar.
“Numa altura de emergência, com dezenas ou centenas de doentes a aparecerem nos hospitais e com outros doentes em situação de não covid que estão a ser tratados, não podem os hospitais assegurar tudo e mais alguma coisa. As tarefas têm de se dividir”, explicou à Lusa António Sarmento, diretor do Serviço de Infecciologia do São João, assumindo que ali se assegura o tratamento na doença ativa, internando se for grave, e menos grave acompanhando no domicílio.
Numa segunda fase, o acompanhamento tem de ser feito pelo médico do doente, sublinhou António Sarmento.
Em Portugal, morreram 1.184 pessoas das 28.319 confirmadas como infetadas, e há 3.198 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
LUSA/HN
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