Mulheres desconhecem que os distúrbios da tiroide podem causar infertilidade e problemas no bebé

26 de Maio 2020

Especialistas garantem que as alterações a tiroide podem gerar dificuldades na fecundação, aumentar o risco de aborto e prejudicar o desenvolvimento do bebé. Estima-se que afete entre 5% a 10% da população nacional. A falta de conhecimento dos perigos associados é o foco da Semana Internacional de Tiroide que se assinala de 25 a 31 de maio.

Segundo profissionais da área, o hipotiroidismo é uma doença que atinge principalmente as mulheres. A endocrinologista membro da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM), Inês Sapinho assegura que existe uma grande percentagem de mulheres que desconhece “a importância do controlo da função tiroideia, nomeadamente durante a gravidez”.

O hipotiroidismo é uma doença que se desenvolve de forma lenta e progressiva, com sintomas pouco específicos e partilhados com outras doenças. De acordo com especialistas da SPEDM, a doença surge “quando a glândula da tiroide não produz hormonas em quantidade suficiente para a corrente sanguínea”, comprometendo o funcionamento normal do organismo. Maria João Oliveira, também membro da SPEDM alerta que a doença “se manifesta lentamente, com sinais e sintomas que podem ser inespecíficos”.

Os problemas associados ao hipotiroidismo incluem a dificuldade da fecundação, atrasando a gravidez. Os sintomas “inespecíficos e facilmente confundíveis”, como aumento de peso, falta de força, cansaço e obstipação podem provocar “um aumento do volume da glândula tiroideia, vulgarmente conhecido por bócio”, o hipotiroidismo pode afetar também a saúde do bebé, continua a explicar Maria João Oliveira.

Os especialistas explicam que existe um esforço acrescido da glândula tiroideia durante a gravidez, já que durante este período há alterações fisiológicas no organismo da mãe. “Até cerca das 20 semanas de gestação, a tiroide fetal não sintetiza as hormonas necessárias para o desenvolvimento do feto, pelo que este necessita das hormonas tiroideias produzidas pela mãe, que são indispensáveis ao desenvolvimento do sistema nervoso central fetal. Um défice destas pode-se traduzir, mais tarde, num atraso cognitivo ou dificuldades de aprendizagem da criança. Assim se compreende que o diagnóstico e tratamento tardios do hipotiroidismo materno podem comprometer o desenvolvimento do feto e mais tarde da criança”.

Os alertas dos profissionais indicam que nos casos em que o hipotiroidismo é diagnosticado antes da gravidez e não estiver tratado, a doença pode conduzir a uma infertilidade. O tratamento da doença é possível ser feito “desde que a função da tiroide esteja dentro dos limites pretendidos durante a gravidez e a mulher seja convenientemente vigiada, a gestação pode decorrer de uma forma perfeitamente normal”.

No ano em que se assinala, em Portugal, o 12º ano da Semana Internacional da Tiroide, o foco consiste em chamar a atenção para os perigos existentes dos distúrbios da tiroide durante o período da gestação. Este ano a iniciativa é apoiada pela Associação das Doenças da Tiroide (ADTI), Associação Portuguesa de Fertilidade (APFertilidade), a Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM) e pela Merck.

VC

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