Eurodeputado Francisco Guerreiro sai do PAN por “divergências políticas” com direção

16 de Junho 2020

O eurodeputado Francisco Guerreiro anunciou hoje que sai do PAN por “divergências políticas” com a direção do partido pelo qual foi cabeça de lista nas europeias do ano passado, mas vai manter-se no Parlamento Europeu.

“O eurodeputado Francisco Guerreiro sai do partido Pessoas-Animais-Natureza por divergências políticas com a direção e garante que continuará a defender no Parlamento Europeu os ideais pelos quais foi eleito e se rege”, refere um comunicado enviado à Lusa.

O comunicado acrescenta que “as divergências que justificam o seu afastamento do PAN assentam na falta de identificação política com várias posições relevantes tomadas pelo partido no parlamento nacional, bem como com a linha política global que tem caracterizado a atuação do PAN nos últimos meses”, considerando que esta tem “limitado a independência política do eurodeputado em Bruxelas”.

“Tem existido um constante afastamento de alguns princípios fundadores do partido que fazem com que, em consciência, não me reveja em várias das decisões tomadas”, afirma Francisco Guerreiro, no comunicado.

Francisco Guerreiro aponta, por exemplo, “a crescente e vincada colagem do PAN à esquerda”, considerando que tal “quebra uma das bases filosóficas do partido que não se revê nas dicotomias políticas tradicionais”.

O eurodeputado refere ainda uma “recente apologia ao incentivo para a entrada de jovens no serviço militar (contra a base pacifista do partido), a passividade perante as ações geopolíticas da China na Europa ou o aumento da agressividade discursiva” do PAN como razões para a sua saída.

Francisco Guerreiro considera também que existiu um “bloqueio da divulgação do trabalho europeu” que desenvolveu, em áreas como o Rendimento Básico Incondicional (RBI).

“Enquanto eurodeputado independente continuarei a defender as linhas programáticas com as quais fui eleito, como é o caso do estudo da implementação de um projeto piloto de RBI na Europa tão importante, particularmente, no atual contexto de pandemia”, assegura o eurodeputado.

Francisco Guerreiro indica que continuará a integrar, na condição de deputado independente, Os Verdes Europeus/Aliança Livre Europeia.

“Continuarei a respeitar o mandato que me foi concedido, tal como os ideais do programa das eleições europeias de 2019 votado por mais de 168 mil cidadãos”, garante.

Francisco Guerreiro tornou-se militante do partido Pessoas-Animais-Natureza em 2012, entrando na Comissão Política Nacional do partido em 2013 e na Comissão Política Permanente no ano seguinte.

No Parlamento Europeu, destaca o comunicado, conseguiu a 1ª vice-presidência da Comissão de Agricultura e do Desenvolvimento Rural, o lugar como efetivo nas comissões das Pescas e dos Orçamentos, a vice-presidência do intergrupo pela conservação e proteção do bem-estar animal, bem como a integração na aliança da FAO contra a fome e a má-nutrição no Parlamento Europeu.

“Tem-se destacado pela participação ativa quer no plenário em Bruxelas e Estrasburgo, quer enquanto relator e relator sombra de importantes relatórios como é o caso do Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas (FEAMP)”, destaca a nota enviada à Lusa.

Francisco Guerreiro, 35 anos, foi o cabeça de lista do PAN e único eleito desta força política nas europeias de maio de 2019, as primeiras em que o partido obteve representação em Bruxelas (com cerca de 5% dos votos).

Nasceu em Santiago do Cacém, a 12 de setembro de 1984, licenciou-se em Comunicação Social pelo Instituto Superior de Educação de Coimbra e trabalhou como analista de estudos de mercado, e ‘project leader’ para a Comissão Europeia, até 2014.

Nas últimas legislativas, em outubro do ano passado o PAN passou de um deputado único – o porta-voz André Silva – para um grupo parlamentar de quatro, correspondentes a 3,3% dos votos.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Joana Bordalo e Sá diz que, com ou sem Direção Executiva, nunca se vai conseguir uma reforma correta sem os recursos humanos

Joana Bordalo e Sá também já reagiu à demissão da DE-SNS: “mostrou ser uma estrutura pouco funcional e bastante pesada”, disse ao HealthNews. Nas ULS, por exemplo, “há uma grande desorganização” que a DE-SNS não ajudou a resolver. Daqui para a frente, com ou sem Direção Executiva, nunca se vai conseguir uma reforma correta sem resolver o problema dos recursos humanos. É a opinião da presidente da FNAM.

Nuno Rodrigues: “O SIM espera que a saída do Professor Fernando Araújo não prejudique o desenvolvimento da reforma estrutural em curso”

Em reação à demissão do diretor-executivo do SNS, Nuno Rodrigues disse hoje ao HealthNews que certamente não foi uma decisão tomada de ânimo leve, que espera que a saída de Fernando Araújo não prejudique o desenvolvimento da reforma estrutural em curso e que o Sindicato Independente dos Médicos estará sempre disponível para o diálogo e para tentar encontrar as melhores soluções.

DE-SNS sai após relatório exigido pela ministra

Fernando Araújo anunciou hoje a demissão da Direção Executiva do SNS e, em comunicado de imprensa, esclareceu que irá ainda assim apresentar o relatório solicitado pela ministra da Saúde, do qual teve conhecimento “por email, na mesma altura que foi divulgado na comunicação social”.

DE-SNS demite-se em grupo (EM ATUALIZAÇÃO)

Fernando Araújo e a equipa por si liderada vão apresentar a demissão à ministra da Saúde, Ana Paula Martins, foi hoje anunciado. A “difícil decisão” permitirá que a nova tutela possa “executar as políticas e as medidas que considere necessárias, com a celeridade exigida”, justificou a Direção Executiva do SNS.

EHSAS Summer University estimula colaboração interprofissional na saúde

 A 1.ª Edição da EHSAS Summer University, com o tema “Shaping Europe’s Healthcare Future – The Workforce of Tomorrow”, decorre entre os dias 28 de julho e 2 de agosto em Braga, na Universidade do Minho. O programa educacional conta já com confirmações por parte da Direção-Geral da Saúde, da Direção Executiva do SNS, da Organização Mundial da Saúde e da Agência Europeia de Medicamentos.

Portugal com 20 casos confimados de sarampo

Portugal tem 20 casos confirmados de sarampo, revelou esta terça-feira a diretora-geral da Saúde, Rita Sá Machado, que realçou as “elevadas taxas de cobertura nacionais” na vacinação contra esta doença.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights