De acordo com o diretor da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, “demorou três semanas, no princípio da pandemia, a atingir o primeiro milhão de infetados, mas agora houve mais um milhão de infetados em apenas uma semana”.
Falando num seminário organizado pela União Africana e pela OMS sobre a importância de uma vacina em África, Tedros Ghebreyesus salientou a necessidade de continuarem a ser cumpridas as regras de contenção da pandemia e salientou que, neste continente, já foram entregues 22 milhões de itens de uso pessoal e de proteção.
“Amanhã [quinta-feira] o Governo da República Democrática do Congo vai anunciar o fim da epidemia de Ébola no leste do país, depois de dois anos de luta que resultaram em quase 3.500 casos, 2.300 mortos e mil sobreviventes”, disse Ghebreyesus, apontando que as lições têm de ser aprendidas.
“Muitas das medidas contra o Ébola são essenciais para combater a covid-19”, apontou, elencando a despistagem de casos, o isolamento, os testes e o mapeamento dos contactos.
“No entanto, não temos ainda uma vacina, e isto faz toda a diferença”, lamentou o responsável, salientando a importância de os países do continente africano se prepararem para o momento em que uma vacina for descoberta.
Ghebreyesus defendeu que “o mundo precisa de uma colaboração global sem precedentes, uma ação hoje quer dizer mais vidas salvas e a economia a recuperar mais rapidamente”, acrescentando que das 220 vacinas em desenvolvimento, “é certo que a maioria vai falhar”.
As mais promissoras, prometeu, vão receber o financiamento necessário, mas o principal desafio é garantir que haja poucos atrasos entre a produção e a distribuição.
“Quando a vacina ficar disponível, o critério tem de ser quem mais precisa e os profissionais de saúde, estas são duas das mais altas prioridades”, argumentou o diretor-geral da OMS.
“A necessidade vai suplantar a capacidade de produção e tem de estar acima da capacidade de pagar; tem de haver princípios de alocação justos, com solidariedade global, empenho e participação de todos os países, numa altura em que os interesses nacionais vão ter de se curvar perante a necessidade global”, concluiu.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 472 mil mortos e infetou mais de 9,1 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.
LUSA/HN
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