Respostas convencionais não foram suficientes na região de Lisboa

14 de Julho 2020

O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares considera que as respostas convencionais à Covid-19 se revelaram insuficientes na região de Lisboa, defendeu que houve sempre partilha de informação e entende como "transitório" o cargo de coordenador regional.

Nesta entrevista à agência Lusa, Duarte Cordeiro, que é o coordenador designado pelo Governo para o combate à pandemia na região de Lisboa e Vale do Tejo, afirma também que o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, o contactou para lhe transmitir que não pretendeu visá-lo quando criticou a forma como se estava a combater a Covid-19 nesta área metropolitana.

“O contributo que [Fernando Medina] deu no seu comentário é válido e legítimo. Ele é também presidente da Área Metropolitana de Lisboa. Tenho um bom relacionamento com o presidente da Câmara Municipal de Lisboa”, declara.

Interrogado se o Governo respondeu com rapidez aos novos casos de infeção registados na Área Metropolitana de Lisboa, Duarte Cordeiro observa que houve “dez sessões no Infarmed”, com a presença de todos os partidos com representação parlamentar e com o Presidente da República, e que o Governo “foi sempre partilhando a avaliação que era feita num dado momento”.

“Os momentos de decisão do Governo iam acompanhando essas avaliações. Se me perguntam se a área da saúde verificou que as respostas não eram suficientes, isso constatou-se e, por isso, foi criado um gabinete para a supressão da crise em Lisboa e Vale do Tejo”, responde.

Duarte Cordeiro salienta depois que o trabalho da saúde pública “é mais difícil no atual contexto do que na fase de confinamento, porque o número de contactos que cada pessoa tem é muito superior ao que tinha antes”.

“As respostas que existiam, as respostas convencionais, não foram suficientes. Durante o mês de junho procurámos estruturar as novas respostas, foram criadas novas soluções e agora estamos a tentar dar força a essas soluções para que apareçam os resultados.

Questionado se a função de coordenador regional designado pelo executivo pode manter-se depois de terminado o combate à Covid-19, substituindo eventualmente o vazio criado pela extinção do cargo de governador civil, Duarte Cordeiro manifesta dúvidas em relação a esse caminho.

“Esta função foi criada com objetivos concretos. Numa primeira linha, para aproximar os autarcas dos serviços regionais e distritais da administração pública e num contexto e de combate à pandemia. Por outro lado, foi objetivo deste Governo realizar um conjunto de tarefas que, necessariamente, implicavam a coordenação de vários serviços regionais e distritais da administração pública”, diz.

Esta função, de acordo com o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, “foi sempre entendida como provisória e temporária para apoiar e criar condições para uma melhor resposta da saúde pública”.

“Foi sempre esse entendimento desta função, que tem sido útil, porque se têm cumprido os objetivos iniciais: Aproximar os autarcas, repensar as respostas quando tal é necessário e aumentar a coordenação dos serviços no território. Mas acho que existem outras estruturas de coordenação regional. Não penso que esta resposta tenha um caráter para além da pandemia de Covid-19”, reforçou o coordenador para a região de Lisboa e Vale do Tejo.

LUSA/HN

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