Os processos CTH – Consulta a Tempo, e  Horas e SIGIC – Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia, foram criados para garantir aos pacientes do SNS condições garantidas de tempo máximo para consultas hospitalares e cirurgias eletivas, respetivamente.

É um exemplo da gestão por objetivos, de forma a alinhar os hospitais do SNS no sentido da satisfação atempada das necessidades em saúde, dos pacientes.

De modo a acompanhar o desempenho dos diferentes hospitais e também como base para divulgar as melhores práticas, foi criado um instrumento de controlo, uma base de dados, no qual são apresentados trimestralmente os resultados das diferentes unidades hospitalares, no que respeita a consultas de especialidade e  cirurgias.

É uma informação básica, por unidade hospitalar e centro de saúde intitulada “Tempos Médios de Espera”, que pode ser consultada em http://tempos.min-saude.pt/#/instituicoes.

No caso dos centros de saúde apenas são apresentados dados sobre “Tempo Médio de Espera para Atendimento”, informação pontual, que não iremos analisar.

Estão neste momento divulgados os dados referidos a 31 março 2020, que irão ser a nossa base de trabalho para uma melhor compreensão da situação de cada hospital que poderá ser comparada com outros hospitais.

Analisámos os maiores hospitais de Lisboa:

• Curry Cabral
• Dª Estefânia
• Egas Moniz
• Santa Maria
• São Francisco Xavier
• São José

Não analisámos os hospitais Pulido Valente, Capuchos e Santa Marta por serem mais pequenos e especializados, com um número relativamente pequeno, de especialidades médicas e cirúrgicas.

Acrescentamos, para comparação, os hospitais

• Beatriz Ângelo – Loures
• Fernando Fonseca – Amadora
• Garcia da Orta – Almada
• HUC – Coimbra
• João – Porto

Obtivemos resultados que poderão ser vistos nos quadros seguintes.

1. Consultas CTH (Consulta a Tempo e Horas) – Primeiras consultas em espera

Primeira consulta hospitalar (em dias), por especialidade, pedida pelos cuidados de saúde primários e entidades externas. Apresentamos resultados das especialidades que ultrapassam os tempos máximos garantidos nas consultas “Muito Prioritária” e “Prioritária” e para todas as especialidades no caso das consultas de prioridade “Normal”.

Existem três opções em termos do Tempo Máximo de Resposta Garantido (TMRG): 

1. Muito Prioritário – 30 dias
2. Prioritário – 60 dias
3. Normal – 150 dias

A finalidade deste processo será a inexistência de consultas que ultrapassem o TMRG, o que que é conseguido em dois hospitais, Curry Cabral e D.ª Estefânia no caso das consultas “Muito Prioritárias” e das “Prioritárias”. Em nenhum hospital acontece o mesmo no caso das especialidades da prioridade “Normal”.

Quadro 1 – Consultas em espera, por hospital, por especialidade

Observações:

Há diferenças significativas entre os vários hospitais de Lisboa, tendo Curry Cabral os melhores resultados e Santa Maria, os piores. Nota-se diferença significativa entre os hospitais de menor dimensão em número de especialidades, com os que têm mais de 25 especialidades.

Nos hospitais fora de Lisboa, o S. João tem a melhor resposta às consultas “Muito Prioritárias” e “Prioritárias” e o Fernando Fonseca, a melhor resposta às consultas “Normal”.

Para dar uma noção do número de pessoas em espera nos hospitais de Lisboa, por especialidade, cujo TMRG não é respeitado na prioridade Normal (<= 150 dias), apresentamos o quadro seguinte:

Quadro 2 – Consultas por especialidade, Normal, acima TMRG (150 dias), Hospitais Lisboa

O total de pessoas em espera por uma consulta de prioridade Normal, cuja demora média está acima dos 150 dias de TMRG, representam dois terços do total das pessoas em espera.

A mesma análise, no caso dos hospitais fora de Lisboa

Quadro 3 – Consultas por especialidade, Normal, acima TMRG (150 dias), Hospitais fora Lisboa

Hospitais fora de Lisboa:

O total de pessoas em espera por uma consulta de prioridade Normal, cuja demora média está acima dos 150 dias de TMRG, representam 76% das pessoas em espera.

Quadro 4 – Consultas por especialidade (7), Muito Prioritário (30 dias), acima TMRG, Hospitais Lisboa

Quadro 5 – Consultas por especialidade (14), Prioritário (60 dias), acima TMRG, Hospitais Lisboa

Quadro 6 – Consultas por especialidade (19), Muito Prioritário (30 dias), acima TMRG, Hospitais fora Lisboa

Quadro 7 – Consultas por especialidade (23), Prioritário (60 dias), acima TMRG, Hospitais fora Lisboa

2. Cirurgias SIGIC

Existem diversas opções em termos do Tempo Máximo de Resposta Garantido (TMRG): 

1. Muito Prioritário – Doença Oncológica e não Oncológica – 15 dias | 
2. Prioritário – Doença Oncológica – 45 dias | 
3. Prioritário – Doença não Oncológica – 60 dias | 
4. Normal – Doença Oncológica – 60 dias | 
5. Normal – Doença Não Oncológica – 180 dias.

De modo a simplificar a análise e, mais relevante, pelo facto de aí se concentrar a grande maioria dos utentes, aguardando pela cirurgia, optámos por apenas analisar a opção e) Normal – Doença Não Oncológica – 180 dias.

Variáveis analisadas:

• Número de pessoas a aguardar cirurgia
• Tempo médio em dias de espera por cirurgia
• Especialidade

Quadro 8 – Resumo, por Hospital, de Lisboa, e fora de Lisboa

Conclusões:

• Hospital Beatriz Ângelo tem o menor tempo médio de espera e o menor número de especialidades que ultrapassam o tempo máximo de resposta garantido (TMRG).
• Hospital João, grande hospital, com melhores indicadores em tempo médio de espera e perto do melhor.
• Hospital Estefânia tem piores indicadores em tempo de espera e percentagem de especialidades, que superam o TMRG em Lisboa e Garcia de Orta, fora de Lisboa.
• Hospital Egas Moniz tem melhores indicadores de tempo médio de espera e de % de especialidades acima do TMRG, em Lisboa.

Quadro 9 – Especialidades (10) acima do TMRG (180 dias), Hospitais Lisboa (total de 19 especialidades)

Quadro 10 – Especialidades (10 primeiras) por número de pessoas em espera, Hospitais Lisboa

Quadro 11 – Especialidades (7) acima do TMRG (180 dias), Hospitais fora de Lisboa (total de 24 especialidades)

Quadro 12 – Especialidades (10 primeiras) por número de pessoas em espera, Hospitais fora de  Lisboa

Existem diferenças significativas em termos de especialidades nos dois grupos, hospitais de Lisboa e os hospitais de fora de Lisboa.

3. Expetativas para o 1º semestre, em 30 de junho

Ainda não são conhecidos os dados em 30 de junho, mas a minha previsão é que não existam diferenças significativas no número de pessoas a aguardar cirurgia, pelo facto de terem sido reduzidas no trimestre o número de consultas que poderiam referenciar para cirurgia, por efeito da covid-19.

Deverá acontecer um aumento muito relevante do tempo médio de espera, pelo facto de ter sido reduzido o número de cirurgias no 2º trimestre, dado o impacto da Covid-19

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