Associação do Porto de paralisia cerebral estreia curta-metragem filmada durante quarentena

3 de Outubro 2020

A “Era uma vez… Teatro” estreia hoje “Raiz”, a primeira curta-metragem da companhia da Associação do Porto de Paralisia Cerebral (APPC) que integra atores com e sem deficiência, após ter realizado argumento e filmagens no período de quarentena.

“No fundo será uma antestreia e o ‘link’ para a curta ficará disponível [num canal do Youtube] apenas durante o período de visionamento. Depois desaparecerá e o objetivo é entrar no circuito de festivais e concursos de curtas-metragens de mundo todo”, descreveu à agência Lusa a diretora-artística, Mónica Cunha.

Com o nome “Raiz”, esta curta-metragem que junta 14 atores e tem a duração aproximada de 18 minutos, pretende ser uma homenagem “a todas as mães”.

“Os corpos que da água nascem, à terra regressam. Durante a sua existência procuram retaliar a solidão buscando pelas suas mães, apaziguando-se. ‘Raiz’ pretende refletir sobre a ideia de mãe através das diversas formas que a figura maternal pode assumir em cada indivíduo”, lê-se na sinopse.

Esta é uma companhia que junta quase duas dezenas de atores com e sem deficiência e que habitualmente se apresenta perante o público através de espetáculos de teatro e em festivais nacionais e internacionais.

Segundo Mónica Cunha, a “Era uma vez… Teatro” decidiu avançar para a sua primeira curta-metragem após ter sido desafiada por um “jovem realizador” que tinha sido convidado pela APPC para filmar uma peça que partia de um argumento feito no período de quarentena associado à pandemia da covid-19.

“O Vasco [André dos Santos] já tinha trabalhado connosco enquanto desenhador de luzes em espetáculos anteriores. Começamos a trabalhar um espetáculo de teatro, mas percebemos que não o poderíamos apresentar com público ao vivo [devido à pandemia] e convidamos o Vasco para filmar de forma a difundir via ‘online’. Foi ele quem nos desafiou para a curta e ainda bem que aceitamos o desafio”, descreveu Mónica Cunha.

O argumento de “Raiz” surgiu da junção de textos e reflexões que os atores da “Era uma vez… Teatro” foram partilhando à distância e por via digital nos encontros diários promovidos pela APPC através da Internet, uma forma de, contou a diretora-artística, “manter o contacto e as atividades da companhia enquanto todos estavam fechados em casa ou em instituições”.

“O objetivo foi que o grupo passasse pela quarentena de forma menos penosa. Às tantas as perguntas mais frequentes eram: O que é o covid? Quanto tempo vamos ficar em casa? Isto apareceu porque não cuidamos da natureza? E daí partimos para um texto único que fala da natureza enquanto mãe e para um argumento que homenageia todas as mães, desde a mãe religiosa, à mãe-natureza e à figura da mulher”, acrescentou Mónica Cunha.

As filmagens decorreram em vários locais da Área Metropolitana do Porto entre junho e setembro, altura em que foram sendo levantadas algumas das medidas de contingência mais apertadas.

“De qualquer forma, foi complicado porque mantivemos cuidados muito apertados. As filmagens foram feitas aos pouquinhos para que ninguém se cruzasse. As únicas pessoas que se cruzaram foi a equipa de filmagem e eu própria, mas sempre com utilização de equipamentos de proteção individual”, descreveu a responsável.

A título de exemplo sobre como foi possível “reunir” o grupo ainda que mantendo a distância e os cuidados de proteção, Mónica Cunha contou à Lusa que um dos atores que tem paralisia cerebral aparece em “Raiz” num plano à janela de casa, onde se encontra por decisão familiar e médica em isolamento desde fevereiro.

“Jamais deixaríamos algum dos atores que quisesse participar de fora. Arranjamos um plano que exclui, por completo, o contacto físico. Acho que a curta reflete também o impacto que esta experiência, quer pela quarentena, quer por algumas circunstâncias dos atores, teve na equipa de filmagem. Transmitiram isso nos planos captados”, concluiu.

“Raiz”, que terá versões em português e inglês, pode ser vista hoje às 21:30 no Youtube.

São protagonizada Amélia Couto, António Miguel Carvalho, Ariana Sousa, Henrique Tavares, Joaquim Moreira, Jorge Ribeiro, Luís Bamonde, Marta Silva, Mireille Aicha Scheffer, Nate Sam, Patrícia Vitorino, Paulo Cruz, Paulo Fonseca e Rita Oliveira

LUSA/HN

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