João Pedro Marques Head of Integrated Health Solutions Medtronic Portugal.

O verdadeiro valor da indústria dos dispositivos médicos

10/16/2020

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O verdadeiro valor da indústria dos dispositivos médicos

16/10/2020 | Opinião

A Medtronic sempre pautou a sua atividade pelo trabalho próximo com as autoridades de saúde, hospitais e profissionais de saúde, porque só assim é possível contribuir para alcançar a nossa missão de aliviar a dor, restabelecer a saúde e prolongar a vida dos doentes. A este desafio veio juntar-se a pandemia da COVID-19, que continua a expandir-se à escala global e, como consequência, obrigou à adoção de várias medidas que nunca antes tinham sido pensadas ou imaginadas. Num curto espaço de tempo a Medtronic partilhou as especificações técnicas de um dos seus ventiladores e estabeleceu uma parceria com a SpaceX para aumentar a sua capacidade de produção e responder à procura mundial de ventiladores.

Durante a crise sanitária decorrente da 1ªvaga, em Portugal, a Medtronic desenvolveu um conjunto de mecanismos de capacitação de doentes, cuidadores e profissionais de saúde. Em colaboração com a Direção Geral de Saúde e os Hospitais, implementou uma solução de telemonitorização e educação dos doentes à distância, que permite que as pessoas com diabetes só necessitem de se deslocar ao hospital em caso de urgência. Nesta área, a prioridade foi e continuará a ser a de empoderar os doentes, dotando-os de ferramentas que os possam tornar o mais autónomos possível na gestão da sua doença, em particular aqueles que usam bomba de insulina.

Também durante o estado de emergência, a Medtronic facultou gratuitamente aos hospitais e profissionais de saúde nacionais, alguns serviços da sua área de Integrated Health Solutions (IHS). Neste caso, foram disponibilizadas duas ferramentas de comunicação que facilitam o dia-a-dia e a coordenação assistencial entre os profissionais de saúde. A plataforma MEDCOM e o acesso a reuniões virtuais Cisco WebEx pretendiam facilitar a comunicação, a coordenação e a tomada de decisão entre profissionais de saúde que estavam à distância, e assim minimizar o impacto que a situação estava a causar na continuidade dos tratamentos de doentes agudos.

Contudo, os desafios que continuamos a enfrentar obrigam as instituições a adotar soluções tecnológicas a um ritmo jamais visto para suprir algumas das necessidades do sector da saúde.

A confirmar esta dinâmica estão as soluções para comunicação à distância com doentes, a digitalização de percursos clínicos e a consequente redefinição do modelo de prestação de cuidados. Estas tecnologias têm permitido minimizar as deslocações dos utentes ao hospital, facilitar a adoção de novos protocolos e reduzir tempos médios de internamento. O sucesso da sua implementação está associado ao sentimento de urgência e de abertura existente durante uma crise. O envolvimento de todos e o espírito de equipa têm permitido criar paradigmas de prestação de cuidados distintos, reescrever funções e definir novos mapas de responsabilidade de profissionais de saúde, doentes e cuidadores.  

Uma outra família de soluções, centradas na retoma da atividade e que visam apoiar a gestão a maximizar a capacidade instalada, deverá vir também a sofrer um crescimento significativo. Numa área tão crítica para o hospital como a rentabilização dos blocos operatórios, esta crise veio acentuar as dificuldades existentes de resposta e de gestão das listas de espera cirúrgicas. Com o apoio de algoritmos de inteligência artificial, é possível a alguns hospitais, já hoje, tomar decisões tendo por base diferentes cenários que balanceiam o cumprimento de objetivos, a curto e médio prazo; os recursos disponíveis; e, as estimativas de custos associadas.

As decisões passam a ser baseadas no valor criado por cada cenário, na eficiência da utilização de recursos e na eficácia dos resultados obtidos.

Este caminho, de registo, medição e avaliação do percurso de cada doente de acordo com a sua condição clínica, é um passo fundamental para a construção de um SNS sustentável a longo prazo. Só modelos assentes na partilha de valor e risco, como a abordagem value based healthcare, permitirão num futuro próximo sustentar a introdução de novas tecnologias.  

Os desafios tecnológicos que esta pandemia nos está a obrigar a superar rapidamente são também aqueles que nos farão sair mais fortes dela!

Ideias que retirei:

Existem, no entanto, algumas condições críticas para a sustentabilidade deste esforço de adoção de novas soluções tecnológicas: a sua integração com os sistemas existentes; a sua adaptabilidade às condições especificas de cada hospital; e, a perceção de cada utilizador do valor gerado para o seu desempenho diário. 

Os desenvolvimentos tecnológicos que temos vindo a assistir para reduzir a pressão sobre os profissionais de saúde, diminuir os custos e promover uma prestação de cuidados centrada no doente e nos outcomes clínicos, já faziam parte do caminho que tínhamos de percorrer, o que é novo é a velocidade.

 

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