Líder da extrema-direita espanhola considera atual Governo pior que o do ex-ditador Franco

21 de Outubro 2020

O líder do partido de extrema-direita espanhol Vox, Santiago Abascal, disse esta quarta-feria, no debate de uma moção de censura, que o atual Governo minoritário de esquerda é “pior” do que o antigo executivo fascista liderado por Francisco Franco.

“Trata-se do pior governo dos últimos 80 anos”, disse Santiago Abascal, acrescentando que o atual executivo liderado pelo socialista Pedro Sánchez é “uma frente popular que governa com terroristas e com separatistas”.

O parlamento espanhol iniciou esta manhã o debate de uma moção de censura ao Governo apresentada pelo Vox que se sabe à partida que está condenada ao fracasso, por falta do apoio de outras forças políticas.

O líder de extrema-direita considerou que o atual executivo minoritário formado pelo Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e o Unidas Podemos (extrema-esquerda) é “uma máfia” e criticou a forma como está a gerir a luta contra a pandemia de Covid-19.

Na intervenção em que defendeu a moção apresentada, o líder do Vox criticou os alegados ataques do executivo à monarquia e ao poder judicial, e justificou a iniciativa como uma medida para “parar o processo de destruição de Espanha”.

Santiago Abascal garantiu, se a moção de censura for bem sucedida, a convocação de eleições antes do fim do ano num ambiente de “liberdade e igualdade de oportunidades”, referindo e que até essa altura seria formado um governo de emergência nacional.

O candidato a substituir Pedro Sánchez à frente do Governo justificou a ideia de eleições por estarem “em perigo” os interesses do povo espanhol, tendo dado como exemplos a “saúde, pão, liberdade, o futuro e a pátria”.

Abascal afirmou que se apresenta como candidato para resolver esta “anomalia” e devolver o voto aos espanhóis e para que os partidos expliquem o que pode ser feito para recuperar “a paz e a liberdade”.

O líder do Vox referiu-se também a Pedro Sánchez, sem o citar, como “o último candidato, na última moção de censura” e disse que, ao contrário dele, cumpriria a sua palavra.

A moção de censura, que será votada na quinta-feira, só deverá ter o apoio dos 82 parlamentares do Vox, um número insuficiente e longe da maioria absoluta necessária de 176 votos num total de 350 membros do Congresso dos Deputados (câmara baixa das Cortes).

O PSOE tem 120 deputados, seguido pelo Partido Popular (PP, direita) com 88, o Vox com 52, o Unidas Podemos com 35 e o Cidadãos (direita liberal) com 10, entre outros.

Com cerca de 34.000 mortes e quase um milhão de casos, Espanha é um dos países europeus mais afetados pela pandemia de Covid-19.

O Vox foi fundado em 2014 por Santiago Abascal a partir de uma cisão no PP, partido com quem concorre para ganhar o voto dos eleitores de direita.

Esta é a quinta moção de censura desde o início da atual época democrática espanhola iniciada em 1976.

A última, em junho de 2018, permitiu à esquerda derrubar o então primeiro-ministro Mariano Rajoy, líder do PP na altura, na sequência de um caso de corrupção em grande escala.

Essa moção de censura foi aprovada graças aos votos do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), Podemos (extrema-esquerda), nacionalistas bascos e independentistas catalães, permitindo a Pedro Sánchez, o líder do PSOE, tornar-se chefe de um governo minoritário.

Francisco Franco Bahamonde foi um militar espanhol que integrou o golpe de Estado que, em 1936, marcou o início da Guerra Civil Espanhola, tendo exercido desde 1938 o lugar de chefe de Estado, até morrer em 1975, ano em que se iniciou o processo de transição do país para um sistema democrático.

LUSA/HN

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