Durante uma conferência virtual organizada pela Universidade de Melbourne, Fauci elogiou os esforços da Austrália e da Nova Zelândia contra a pandemia, admitindo que não pode dizer o mesmo do seu país.
“Os números falam por si”, disse, referindo-se aos quase nove milhões de infeções e mais de 228.000 mortos nos Estados Unidos, onde as máscaras faciais, considerado um elemento-chave na prevenção da transmissão, “quase se tornaram uma declaração política”, defendeu.
“Na verdade, as pessoas são ridicularizadas por usarem máscara. Depende do lado particular do espetro político em que se encontram, o que é muito doloroso para mim como médico, cientista e funcionário da saúde pública”, frisou.
Nos Estados Unidos, com uma forte polarização sobre as políticas relativas à covid-19 tomadas pela administração de Donald Trump, existem também movimentos anti-vacina.
Na opinião de Fauci, este “ceticismo” é “parcialmente alimentado pelos sinais mistos enviados pelo (…) Governo, que não têm sido muito úteis”, num contexto em que a tarefa de estabelecer uma política unificada sobre a pandemia é também dificultada pela independência de cada estado na tomada de decisões.
Fauci disse que o problema das estratégias pandémicas díspares se tornou evidente quando os Estados Unidos tentaram reabrir a economia, sem necessariamente seguir recomendações sobre como fazê-lo com segurança.
“Temos de tentar articular a importância de caminhar nessa fina linha entre manter a saúde pública sem prejudicar a economia”, disse.
O alto funcionário público norte-americano, que foi recentemente atacado por Trump, que disse que “as pessoas estão cansadas de covid-19 e de ouvir Fauci e todos estes idiotas”, também defendeu a sua independência como cientista.
“Quando se está no mesmo pódio que os políticos, não se deve ter medo de dizer a alguém algo que eles não vão gostar de ouvir”, afirmou Fauci.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 44 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
LUSA/HN
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