Desconhecimento dos sinais de alerta de AVC é responsável pelo atraso dos tratamentos

29 de Outubro 2020

Apesar do Acidente Vascular Cerebral (AVC) ser uma das principais causas de mortalidade em Portugal existe um elevado índice que desinformação sobre os sinais de alerta. A falta de conhecimento é culpável pelo atraso dos tratamentos.

No dia em que se assinala o Dia Mundial do AVC os especialistas alertam para a importância da intervenção imediata. “É sabido que a maior causa de atraso no tratamento de pessoas que têm um AVC deve-se ao facto de as mesmas se dirigirem de imediato ao hospital da sua zona de referência e não ativarem os serviços de emergência pré-hospitalar [112]”, explica Ana Paiva Nunes, assistente hospitalar graduada de Medicina Interna e coordenadora da unidade de AVC do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central.

A mensagem da especialista é clara e visa promover o conhecimento sobre a forma como estes doentes devem atuar em caso de emergência. Ana Paiva Nunes sublinha que a ativação do CODU permite poupar tempo, direcionando o doente para o lugar certo, onde receberá o tratamento certo.

Sobre os sinais de alerta indica a: fala alterada, força diminuída, face desviada, assim como aparecimento súbito de dor de cabeça intensa e alteração da visão. De acordo com a especialista revela que as primeiras 4,5 horas após o início da manifestação dos sintomas constituem a janela de oportunidade para um tratamento eficaz, sendo a intervenção de uma equipa especializada, “com respostas terapêuticas inferiores a trinta minutos”.

Desta forma, “quanto mais tarde tratarmos um doente com AVC, pior será o prognóstico e o inverso também é verdadeiro: quanto mais cedo se tratar um doente com AVC, melhor será a probabilidade de ter uma excelente recuperação”.

Sedentarismo, má alimentação, tabaco e doenças crónicas são os principais fatores de risco do AVC. A estes junta-se a fibrilhação auricular, a forma mais comum de arritmia, responsável por cerca de 30% de todos os AVCs isquémicos no mundo, e uma das principais causas desta doença.

Em tempos de pandemia, o medo, a falta de informação e a dificuldade de acesso têm reduzido a afluência de doentes aos Serviços de Urgência e Unidades de AVC, com uma elevada percentagem a ser obrigada a interromper os tratamentos ou privada da possibilidade de os iniciar. Com consequências. “O AVC pressupõe um contínuo de cuidados: não podemos efetuar uma parte do tratamento e deixar a reabilitação de lado, até porque a mesma é tanto mais eficaz quanto mais precocemente for iniciada. Ao não acontecer durante dois meses, os doentes perderam imenso potencial”, lamenta Ana Paiva Nunes.

Assim, a médica afirma que é essencial manter o controlo dos fatores de risco que previnem a ocorrência ou recorrência de um AVC e, ao mesmo tempo, seguir o tratamento, tomar a medicação, sem nunca deixar de se ir às consultas. Até porque existem circuitos diferenciados nos vários hospitais para doentes COVID e não COVID, estando a ser acauteladas todas as proteções necessárias, para que “um doente que tenha COVID-19 e sofra de um AVC não deixe de ser tratado”.

PR/HN

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