Segundo um estudo feito a pedido da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) a que a Lusa teve acesso, das pessoas que antes do confinamento faziam o levantamento através do modelo hospitalar, 23,2% mudaram para o modelo de proximidade durante o confinamento e mantiveram-se no pós-confinamento.
O conforto, a poupança e a rapidez foram as principais razões que levaram estes doentes a optar por uma entrega de proximidade. Antes do confinamento, mais de metade (55%) tinham que faltar ou tirar dias de férias no trabalho para conseguir ir levantar a medicação no hospital.
Os dados do estudo, que será apresentado na sexta-feira, indicam que cada utente que mudou para o modelo de proximidade poupou em média 112 quilómetros em deslocações (ida e volta) e que as poupanças financeiras ultrapassaram os 15 euros nalguns casos.
“28,6% dos utentes que mudaram para o modelo de proximidade gastavam, antes do confinamento e no modelo hospitalar, mais de 20 euros em deslocações. Ao passarem para o modelo de proximidade, 92% passaram a gastar menos de 5 euros”, refere o documento.
O estudo da APAH refere ainda que “dos 75,9% das pessoas que antes do confinamento faziam o levantamento através do modelo hospitalar, 41,1% mantiveram esse levantamento durante e após o confinamento (destes, mais de metade não mudou porque o hospital não informou dessa possibilidade)”.
Segundo os dados a que a Lusa teve acesso, 82,9% dos inquiridos neste estudo gostaria que, no futuro, o levantamento da medicação fosse realizado numa farmácia perto de si (43,7%) ou em casa (39,2%) e 65% estão dispostos a pagar para receber a medicação no local que pretendem, “independentemente de pagarem ou não de taxas moderadoras”.
Os meios de comunicação com os profissionais de saúde também sofreram alterações por causa da pandemia de Covid-19, passando a privilegiar-se os contactos por ‘email’, ‘whatsapp’ e ‘sms’, bem como as chamadas telefónicas. A utilização de aplicações eletrónicas para consultar o ponto de situação da entrega da medicação é considerada pelos inquiridos neste estudo como muito útil, com uma avaliação de 4,17 [escala de 1 a 5].
“Os utentes que mudaram para o modelo de proximidade estão muito mais satisfeitos com este (4,61 de grau de satisfação), comparativamente ao modelo hospitalar que utilizavam antes do confinamento (3,12) [escala de 1 a 5]”, acrescenta.
O estudo da APAH, que será divulgado na sexta-feira no Fórum do Medicamento, tem uma amostra de 510 utentes responsáveis pelo levantamento da medicação de dispensa exclusiva hospitalar, sendo proporcional à população portuguesa de acordo com a incidência das doenças para as quais é necessário utilizar medicação de dispensa exclusiva hospitalar.
O trabalho pretendeu analisar o impacto da pandemia de Colvid-19 no processo de obtenção da medicação de dispensa exclusiva em farmácia hospitalar, avaliar o nível de satisfação dos vários modelos de dispensa do medicamento – nos períodos pré-pandemia, confinamento e pós-confinamento e perceber quais as expectativas dos utentes para o futuro e os aspetos que estes mais valorizam no acesso ao medicamento hospitalar.
LUSA/HN
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