Mais de 43% dos diabéticos infetados tiveram de ser hospitalizados

12 de Novembro 2020

Dados do Observatório Nacional da Diabetes, registados de março a 28 de abril de 2020, revelam que a taxa de hospitalizações de doentes infetados foi mais elevada em doentes com diabetes. As hospitalizações de pessoas diagnosticadas era de 14,5%, uma percentagem que aumentou para 43,3% nas pessoas com diabetes. 

Os números divulgados preocupam a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) que alerta para a importância do rastreio da COVID-19 em pessoas com diabetes. Os dados do Observatório Nacional da Diabetes revelam ainda que, do total de pessoas que testaram positivo para COVID-19, 1 145 tinham diabetes (5,3% do total). Um número que se traduz em 83 óbitos, no total de 502 óbitos que se registaram em Portugal durante o período em análise. Além disso, 20,3% das pessoas com diabetes (por comparação ao valor de 8,8% das pessoas infetadas) necessitaram de Internamento em Unidades de Cuidados Intensivos.

Para o presidente da APDP, José Manuel Boavida, estes números trazem à luz o impacto do vírus na saúde dos diabéticos, defendendo, por isso, “uma estratégia eficaz e organizada que permita melhorar a capacidade de testagem a pessoas com diabetes”.

“Só uma testagem populacional devolverá a confiança às pessoas e as motivará para se continuarem a proteger. A responsabilização não é suficiente, temos de saber apoiar e incentivar em vez de criticar e acusar. A experiência acumulada da APDP, de educação e de defesa do autocuidado é um bom caminho, porque parte do apoio às pessoas.” afirma José Manuel Boavida.

Atualmente, segunda a norma definida, só os casos suspeitos é que devem ser testados. E, apesar de estar referida uma ordem de prioridade que contempla as pessoas com doenças crónicas não há um sistema de testagem pró-ativo.

O presidente da APDP considera urgente quebrar as cadeiras de transmissão. “Temos de começar com as pessoas que estão expostas a transportes públicos e ambientes de trabalho com potencial de contágio, e depois avançar com a testagem à família e a toda a comunidade envolvente. Só assim é que conseguimos confinar o vírus e não as pessoas!”.

João Filipe Raposo, diretor clínico da APDP, expõe ainda que “a análise comparativa que foi realizada revela ainda que a taxa de letalidade é mais elevada nos indivíduos com diabetes em todos os escalões etários (com exceção dos 50-59 anos), e é tanto mais elevada quanto mais aumenta o escalão etário”.

“E, enquanto o sexo feminino é mais prevalente no total dos indivíduos diagnosticados com COVID-19 (representando 58,7% do total), no subgrupo dos indivíduos com diabetes a relação é inversa, provavelmente relacionada com a maior prevalência da diabetes no sexo masculino”, conclui o especialista.

PR/HN

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