O painel de peritos internacionais, especialistas de todo o mundo que fazem parte de um grupo de desenvolvimento de linhas orientadoras da OMS, não sugere o uso do medicamento em doentes hospitalizados com Covid-19, estejam ou não em situação grave, por falta de provas de que influencie a sobrevivência ou a necessidade de ventilação.
O remdesivir tem sido apontado como um tratamento potencialmente eficaz para casos graves de Covid-19 e é muito usado para tratar pessoas hospitalizadas.
A recomendação agora divulgada, segundo um comunicado da OMS, baseia-se numa nova revisão de provas, comparando os efeitos de vários medicamentos contra a Covid-19, e inclui dados de quatro ensaios internacionais que envolveram mais de sete mil pessoas hospitalizadas com Covid-19.
Após uma revisão exaustiva das provas o painel de peritos concluiu que o remdesivir “não tem qualquer efeito significativo na mortalidade ou noutros resultados importantes para os doentes, como a necessidade de ventilação ou a rapidez nas melhoras”, diz o comunicado.
Os especialistas sublinharam que não há provas de que o remdesivir tenha qualquer benefício para os doentes. E desaconselham o seu uso, quer pela possibilidade de efeitos secundários quer pelo que implica a sua administração (intravenosa).
Em 16 de outubro foram divulgados pela OMS os resultados de um ensaio que patrocinou segundo os quais os medicamentos remdesivir e interferon não eram eficazes na luta contra a Covid-19.
Nesse mesmo dia, em conferência de imprensa, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que até então a dexametasona corticosteroide era a única terapêutica comprovada como eficaz contra a Covid-19, para doentes com doenças graves.
Tedros Adhanom Ghebreyesus disse que os responsáveis da OMS assinalaram que os ensaios provisórios mostraram que o remdesivir e o interferon “têm pouco ou nenhum efeito na prevenção da morte por Covid-19 ou na redução do tempo no hospital”. E frisou que se tratou do maior ensaio já feito, envolvendo 13 mil pessoas de 500 hospitais em 30 países.
Os resultados do estudo foram questionados pela farmacêutica norte-americana Gilead (que desenvolveu o antiviral), que disse parecerem “inconsistentes”, lembrando que outros ensaios validam o benefício do antiviral.
A pandemia de Covid-19 provocou pelo menos 1.350.275 mortos resultantes de mais de 56,2 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 3.701 pessoas dos 243.009 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
LUSA/HN
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