Sindicato denuncia despedimentos de trabalhadores de restaurante de hotel em Caminha

20 de Novembro 2020

O Sindicato de Hotelaria, Turismo e Restaurantes do Norte denunciou esta sexta-feira que o Hotel Meira, em Vila Praia de Âncora, Caminha, tenciona despedir seis trabalhadores e encerrar o seu restaurante, alegando quebra na faturação devido à Covid-19.

“Nestes últimos anos o restaurante tem dado lucro, sempre deu lucro. A pandemia de Covid-19 é uma questão circunstancial. Se forem cumpridas todas as medidas decretadas pela Direção-Geral da Saúde (DGS) não inviabiliza que o restaurante continue a funcionar. Não há motivo nenhum para a empresa fazer este despedimento coletivo”, afirmou hoje Nuno Coelho.

Contactado pela Lusa, Nuno Coelho, do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte, adiantou que “foi o restaurante que deu nome ao hotel” localizado naquela freguesia de Caminha, no distrito de Viana do Castelo.

“Não é um restaurante só para os hóspedes do hotel, é um restaurante que está aberto ao público”, sustentou, adiantando que a “intenção” de encerramento do espaço e de despedimento dos seis dos seus 31 funcionários da unidade hoteleira foi transmitida pela administração, numa reunião com os delegados sindicais.

Em resposta escrita a um pedido de esclarecimento enviado pela agência Lusa, a administração do Hotel Meira informou que “o desempenho económico negativo do restaurante é estrutural, tendo sido significativamente agravado pela crise pandémica da Covid-19”.

“Manter o restaurante Meira em funcionamento, no seu modelo atual, compromete a viabilidade económica da empresa, já que tem sido o alojamento a compensar os resultados negativos acumulados do restaurante”, sustenta a administração.

No esclarecimento à Lusa, a administração daquela unidade hoteleira garantiu ainda “que, do ponto de vista legal, estão a ser cumpridos todos os procedimentos e negociações com os trabalhadores em causa”.

Na nota hoje enviada às redações, o sindicato do setor afirmou que “o motivo alegado pela empresa não é legal”.

“É temporário e circunstancial”, refere a estrutura sindical, referindo “opor-se ao despedimento coletivo e pedindo a sua suspensão”.

Segundo o sindicato, “o hotel tem muitas reservas de grupos e clientes individuais com serviço de meia pensão e que o restaurante é fundamental para o futuro do hotel”.

“Sem restaurante o hotel pode correr sérios riscos. Há 85 anos, a empresa era constituída pelo seu restaurante com pensão. Foi o restaurante e o seu serviço esmerado que permitiram a transformação da antiga pensão num moderno hotel. Por isso, ao longo destes anos, o restaurante sempre foi fundamental para a viabilização desta empresa familiar”, sustenta o sindicato.

O sindicato acrescenta que “na reunião de informação e negociação, o perito da comissão sindical alertou que o encerramento do restaurante pode pôr em causa o futuro do hotel, chamando a atenção que a empresa recorreu ao ‘lay-off’, recebeu apoios do Estado”.

“Contudo, a administração do Hotel Meira, como tem o despedimento coletivo como facto consumado, como quer despedir à força seis trabalhadores, ainda que para o fazer tenha de encerrar um restaurante que lhe deu nome e dá vida à empresa há 85 anos, não quer saber dos formalismos, motivos, fundamentos ou critérios. Quer resolver rápido e à força, esquecendo-se das consequências sociais dos seus atos”, acrescenta a nota.

O sindicato disse ainda ter “requerido informação complementar para aferir dos fundamentos, motivos e critérios alegados pela empresa”, para um despedimento coletivo que considerou não ter “pés nem cabeça”.

A pandemia de Covid-19 provocou pelo menos 1.360.914 mortos resultantes de mais de 56,8 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 3.701 pessoas dos 243.009 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Rui Afonso é o novo partner da ERA Group

Rui Afonso é o novo partner da ERA Group, consultora especializada em otimização de custos e processos para as empresas. Com mais de 25 anos de experiência em gestão de negócios, vendas e liderança de equipas no setor dos dispositivos médicos, reforça agora a equipa da ERA Group em Portugal, trazendo a sua abordagem estratégica, motivação e paixão pelo setor da saúde. 

Fundação Portuguesa de Cardiologia – Delegação Norte lança “Ritmo Anárquico”, programa de rastreios gratuitos à fibrilação auricular

A Fundação Portuguesa de Cardiologia – Delegação Norte vai lançar a campanha “Ritmo Anárquico”, um programa de rastreios gratuitos à fibrilação auricular na região norte do País. A iniciativa vai arrancar na sede da Fundação Portuguesa de Cardiologia, no Porto, no dia 4 de abril, com rastreios a decorrer entre as 10h00 e as 13h00 e as 14h00 e as 17h00.

Fórum da Saúde Respiratória debate a estratégia para a DPOC em Portugal

Com o objetivo de colocar as doenças respiratórias como uma prioridade nas políticas públicas de saúde em Portugal, terá lugar no próximo dia 9 de abril, das 9h às 13h, no edifício Impresa, em Paço de Arcos, o Fórum Saúde Respiratória 2025: “Doenças Respiratórias em Portugal: A Urgência de Uma Resposta Integrada e Sustentável”.

Gilead, APAH, Exigo e Vision for Value lançam 4ª Edição do Programa Mais Valor em Saúde – Vidas que Valem

O Programa Mais Valor em Saúde – Vidas que Valem anuncia o início da sua 4ª edição, reforçando o compromisso com a promoção da cultura de Value-Based Healthcare (VBHC) em Portugal. Esta edição conta com um novo parceiro, a Vision for Value, uma empresa dedicada à implementação de projetos de VBHC, que se junta à Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), EXIGO, Gilead Sciences, e ao parceiro tecnológico MEO Empresas.​

Medicamento para o tratamento da obesidade e único recomendado para a redução do risco de acontecimentos cardiovasculares adversos graves já está disponível em Portugal

O Wegovy® (semaglutido 2,4 mg), medicamento para o tratamento da obesidade, poderá ser prescrito a partir do dia 1 de abril de 2025 em Portugal, dia em que a Novo Nordisk iniciará a sua comercialização e abastecimento aos armazenistas. O Wegovy® estará disponível nas farmácias portuguesas a partir do dia 7 de abril.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights