Funerárias longe da capacidade máxima apesar de aumento de óbitos

21 de Novembro 2020

 As mortes por covid-19 estão a aumentar em Portugal, mas não se reflete no trabalho das funerárias, que dizem estar longe da sua capacidade máxima e sem qualquer problema porque se trata de cerimónias mais simples sem velórios.

Desde o início da pandemia já morreram em Portugal 3.762, metade das quais nos últimos dois meses. Apesar deste aumento, não se regista uma sobrelotação de cadáveres nos hospitais e as agências funerárias estão ainda longe de atingir uma capacidade de saturação.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Associação Nacional de Empresas Lutuosas (ANEL), Carlos Almeida, precisou que “não há saturação do setor funerário em termos de execução dos funerais”.

Carlos Almeida afirmou que o funeral de uma pessoa que morre com covid-19 é uma cerimónia “simplificada” e “não tem grande complexidade”, sendo apenas necessário que os agentes funerários tenham os cuidados adicionais relativamente a equipamentos e manuseamento do corpo.

“Estamos a falar de funerais simplificados, porque saem diretamente do local do óbito” para o cemitério. Uma funerária treinada pode fazer dois, três ou quatro funerais covid por dia”, sublinhou o presidente da ANEL, frisando que tal não acontece com as cerimónias fúnebres de uma pessoa que morre por outro motivo, que são muito mais demoradas uma vez que têm velório.

O mesmo responsável realçou que um funeral covid “é direto” do hospital ou do lar de terceira idade, onde ocorre a maior dos óbitos, para o cemitério, além dos cadáveres covid não serem preparados.

“Não há qualquer ação humana para vestir, pentear ou fazer a barba. O cadáver tem de estar envolvido num saco que depois o funerário vai colocar num segundo saco para sair sem qualquer contaminação e em segurança”, disse.

Também Eduardo Castela, da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), disse à Lusa que “não há uma sobrelotação” de cadáveres covid-19 nos hospitais, porque “os serviços foram preparados para isso”.

No entanto, frisou que “há mais morosidade em alguns casos para levantar o cadáver” devido ao receio que as famílias têm do risco de transmissão.

Eduardo Castela disse também que os procedimentos a adotar em caso de um óbito por covid-19 está regulamentado pela Direção-Geral da Saúde (DGS), sendo uma norma adotada nos planos de contingência e de reestruturação dos hospitais.

A norma da DGS sobre os procedimentos ‘post mortem’ a adotar perante um caso de SARS-CoV-2 refere que não se devem realizar velórios e, para o funeral, o caixão deve manter-se fechado, sendo recomendada a cremação.

Esta norma, que estabelece os procedimentos gerais a adotar quando existe um óbito de uma pessoa infetada, bem como a abordagem de acordo com o local onde ocorre o óbito (hospital, lar de idosos e domicílio), refere que o corpo deve ser acondicionado em duplo saco impermeável e encerrado adequadamente, devendo ser, sempre que possível, colocado logo em caixão para o transporte.

Segundo a DGS, os profissionais da agência funerária devem estar familiarizados com as práticas, que incluem treino em higiene das mãos e como colocar e remover equipamentos de proteção individual.

A DGS aconselha-se ainda as agências funerárias a uniformizarem a oferta de caixões, preferindo os modelos de mais fácil e rápida fabricação e obtenção no mercado, de preferência modelo único, que tanto possa ser enterrado como cremado, evitando a rotura de ‘stocks’, em eventual situação de aumento brusco do número de óbitos

O funeral de uma pessoa infetada com covid-19 deve realizar-se o mais breve espaço de tempo possível, mas nunca inferior a 12 horas depois da hora de verificação médica do óbito.

A Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares disse ainda que permanecem em alguns hospitais os contentores frigoríficos instalados em março.

No entanto, o presidente da ANEL defendeu que deviam existir em cada concelho um contentor frigorífico.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.360.914 mortos resultantes de mais de 56,8 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 3.762 pessoas dos 249.498 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Mónica Nave: “É muito importante conhecer as histórias familiares de doença oncológica”

No âmbito do Dia Mundial do Cancro do Ovário, a especialista em Oncologia, Mónica Nave, falou ao HealthNews sobre a gravidade da doença e a importância de conhecer histórias familiares de doença oncológica. Em entrevista, a médica abordou ainda alguns dos principais sintomas. De acordo com os dados da GLOBOCAN 2022, em Portugal foram diagnosticados 682 novos casos de cancro do ovário em 2022. No mesmo ano foi responsável por 472 mortes, colocando-o como o oitavo cancro mais mortal no sexo feminino.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights