Associação diz que oscilações de horários são dramáticas para a restauração

18 de Dezembro 2020

A Associação da Hotelaria e Restauração considera que as oscilações nos horários de funcionamento dos restaurantes de 15 em 15 dias são dramáticas para as empresas, que precisam de planeamento para funcionar.

Em declarações à Lusa a propósito dos novos horários para a restauração no período do fim de ano anunciados pelo primeiro-ministro, a secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), Ana Jacinto, lembrou que, tendo em conta o que tinha sido anunciado há 15 dias, os restaurantes “já se estavam a preparar para o jantar de fim de ano”.

“É evidente que há 15 dias as empresas prepararam-se para poder fazer o jantar de fim de ano, como estava inicialmente previsto. Nós próprios [AHRESP] incentivámos os consumidores a procurarem a restauração para poderem usufruir de espaços seguros, até no seguimento das preocupações da DGS relativamente às cozinhas no seio familiar, pois entendemos que os nossos espaços são seguros porque cumprem regras apertadíssimas”, afirmou.

A responsável recorda que a AHRESP não comenta decisões sobre as regras sanitárias, pois não tem informação suficiente para tal, sublinhando que o Governo terá a informação técnica e científica para as suportar, mas recorda que, se elas são necessárias para travar a pandemia, “as empresas têm de ser ajudadas”.

“A falta de programação não é compatível com a necessidade de planeamento que as nossas empresas têm de ter. Para darmos uma refeição precisamos de comprar as matérias-primas com antecedência e permitir que os clientes façam as reservas”, explicou Ana Jacinto, lembrado que “os próprios clientes também precisam de organizar as suas vidas”.

Estas alterações “têm um impacto tremendo nas empresas e isto só justifica ainda mais a concretização e implementação rápida das medidas económicas compensatórias destes estragos intensos junto do setor”, disse.

A secretária-geral da AHRESP recorda que as medidas de apoio anunciadas “são importantes”, mas “ainda não estão ao dispor das empresas”.

“Já estamos quase no final de dezembro e não temos entrada de apoio nestas empresas”, afirmou a responsável, lembrando que o inquérito divulgado pela AHRESP em novembro indicava que 48% das empresas de restauração disseram não ter condições para sobreviver nos próximos dois meses sem apoios, o mesmo acontecendo com 32% do alojamento.

O inquérito divulgado pela AHRESP em novembro indicava ainda que quase metade (45%) dos espaços de restauração arrendados não pagaram a renda em novembro e 65% tem três, ou mais, meses de rendas em atraso.

“As empresas continuam aflitas e sem saber como pagam os seus encargos e os salários dos seus trabalhadores”, insistiu.

O Conselho de Ministros decidiu na quinta-feira manter os horários dos restaurantes no Natal, mas optou por reduzi-los na passagem do ano, determinando que encerrem às 22:30 no dia 31 e às 13:00 nos dias 01, 02 e 03 de janeiro, exceto para entregas ao domicílio.

Os novos horários, anunciados pelo primeiro-ministro, visam reduzir a multiplicação de contactos no período da passagem do ano, acautelando os riscos acrescidos de novas infeções que poderão resultar das comemorações do Natal.

LUSA/HN

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