O artigo intitulado “O México induziu em erro os cidadãos sobre a severidade do [novo] coronavírus na Capital” dá conta de que o executivo federal escondeu dados que, de acordo com os critérios fixados pelas autoridades sanitárias do país, fariam a capital voltar a um confinamento.
Contudo, as autoridades mantiveram os serviços e comércio abertos durante as primeiras duas semanas de dezembro, quando os dados indicavam que, devido à progressão do SARS-CoV-2 na cidade, a capital deveria ter entrado em confinamento no início do mês.
Depois de uma descida acentuada do número de infeções e óbitos no verão, a situação reverteu-se no último trimestre de 2020, com a Covid-19 a progredir rapidamente em quase todo o país, os internamentos a subirem ’em flecha’ e ventiladores em falta para conseguir corresponder às necessidades dos hospitais.
Contudo, as autoridades asseguraram em 04 de dezembro, durante um briefing sobre a progressão da pandemia no país, que a Cidade do México ainda não tinha atingido níveis de contágio considerados críticos, de acordo com os próprios critérios definidos pelo Governo, que requereriam um confinamento generalizado.
O diário norte-americano acrescenta, com base em documentos que consultou, que a capital mexicana tinha ultrapassado largamente os números definidos para o Governo federal decretar novas restrições.
Por isso, estabelecimentos comercias e empresas mantiveram-se abertos durante as primeiras duas semanas de dezembro.
O México utiliza uma ‘fórmula’ para decidir o confinamento com base nos números mais recentes de novas infeções diárias, internamentos e óbitos.
Quando introduzida, o Governo garantiu à população que os dados seriam sempre transparentes e objetivos, para haver uma contabilização, tanto quanto possível, do alastramento do novo coronavírus.
A Cidade do México voltou ao confinamento generalizado na sexta-feira, mas poderá ter sido tarde demais, uma vez que a maioria dos hospitais já ultrapassou a capacidade de internamentos e não há ventiladores disponíveis para todas os doentes.
“Estamos sozinhos, o Governo federal não nos está a ajudar – estão, na realidade, a encarar isto levemente. Estamos a colapsar”, disse Diana Banderas, médica que está a tratar de pacientes Covid19 no Hospital Carlos MacGregor, na Cidade do México.
A crise é adensada com a falta de política que respondam à grave crise económica decorrente da pandemia.
Ao contrário de outros países, o Presidente do México não anunciou programas de estímulo aos estabelecimentos comerciais e aos desempregados decorrentes da pandemia.
Sem uma ‘rede de segurança’ que auxilie a população e as empresas durante o período do Natal e Ano Novo – que habitualmente representa um incremento no comércio -, a economia do país poderá agora ser severamente afetada por estas duas semanas de confinamento.
O The Times explicita ainda que 85% das camas de hospitais da capital mexicana estavam ocupadas no domingo. Há duas semanas, altura em que as autoridades alegadamente optaram por atrasar o confinamento, havia 66% das camas ocupadas.
De acordo com os dados das autoridades sanitárias mexicanas, o país tinha, até domingo, 1.320.000 contágios registados desde o início da pandemia e pelo menos 118.202 óbitos.
Estes valores fazem do México o quarto país do mundo com o maior número de mortos, apenas ultrapassado pelos Estados Unidos, o Brasil e a índia.
LUSA/HN
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