“A situação, neste momento, já é substancialmente má e, sobretudo, porque não só os restaurantes, como os bares e muitas atividades do comércio, evoluíram em torno da atividade turística”, disse à agência Lusa o presidente da ACIF – Câmara de Comércio e Indústria da Madeira, Jorge Veiga França, vincando que o setor do turismo foi o mais afetado pela crise pandémica.
Novas medidas restritivas entraram hoje em vigor na Região Autónoma da Madeira, impondo o recolher obrigatório entre as 23:00 e as 05:00 em todo o território, e o encerramento dos bares e restaurantes às 22:30 até pelo menos 15 de janeiro.
O horário de fecho dos estabelecimentos de restauração tinha já sido alterado em dezembro, sendo que os restaurantes encerravam às 23:00 e os bares e similares às 00:00.
“Esta redução de meia hora em relação aos restaurantes e de uma hora e meia em relação aos bares é uma medida que vem piorar um pouco a situação, mas, eu diria, não é por aqui que o gato não vai os filhotes”, afirmou Jorge Veiga França, reforçando: “A situação principal é que já está tudo muito mau pela ausência de turistas.”
O responsável disse que a ACIF não dispõe ainda de dados estatísticos para se pronunciar quanto às quebras no setor decorrentes do impacto da Covid-19, mas os inquéritos aos associados apontam para uma crise acentuada.
“A última semana do ano e a primeira do ano seguinte são, normalmente, duas semanas fortíssimas para estes negócios e este ano tem sido uma desgraça. É isso que nos têm transmitido”, declarou.
Jorge Veiga França reconhece que a relação entre a saúde e a economia é “inversa”, pois medidas restritivas para evitar a contaminação provocam impacto negativo na atividade económica, e, por isso, destaca a “necessidade e urgência” de serem canalizadas ajudas para as empresas.
O presidente da ACIF considera que é fundamental acelerar a efetivação dos apoios da União Europeia ao país e também do Governo da República à região autónoma.
“Colocamos ênfase na urgência de acelerarmos todo esse processo, de maneira a evitarmos uma catadupa de falências e de insolvências, que naturalmente virão a acontecer se se demorar muito mais com a canalização desses fundos”, disse.
De acordo com os dados mais recentes, o arquipélago da Madeira, com cerca de 267 mil habitantes, regista 876 infeções ativas, num total de 2.110 casos confirmados desde 16 de março de 2020, e 16 óbitos.
O aumento do número de casos nos últimos dias colocou o concelho do Porto Santo em risco muito elevado de contágio e os concelhos do Funchal, Câmara de Lobos e Ribeira Brava em risco elevado, situação que levou o executivo regional, de coligação PSD/CDS-PP, a impor novas restrições.
LUSA/HN
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