“O tratamento de pacientes com Covid-19 criticamente doentes com plasma de pessoas que lutaram contra a doença tem um impacto limitado nos resultados desses pacientes”, adiantou o Imperial College London, que coordena a REMAP-CAP, a plataforma que reúne instituições de investigação de vários países que está a desenvolver o estudo desde março de 2020.
Esta investigação abrangeu perto de 4.100 doentes com Covid-19 em quinze países, envolvendo 290 hospitais em todo o mundo, sendo avaliados separadamente os efeitos nos doentes moderados e graves.
A Comissão Europeia anunciou que vai financiar com 36 milhões de euros 24 projetos de 15 países, incluindo Portugal, para recolha de plasma de dadores que recuperaram da Covid-19 e que poderá ser usado para tratar pacientes.
“Quando se trata de investigação terapêutica para aCcovid-19, todas as opções têm de ser exploradas para garantir que tratamentos seguros e eficazes possam ser disponibilizados o mais rapidamente possível”, disse, em comunicado, a comissária europeia para a Saúde, Stella Kyriakides.
O plasma convalescente, uma componente do sangue que contém anticorpos contra o vírus SARS-CoV-2, é obtido de pessoas que recuperaram da Covid-19, servindo como hipótese do estudo a possibilidade de neutralizar o coronavírus.
Segundo o Imperial College London, os primeiros indicadores do estudo, que ainda não foi publicado, mostram que o tratamento com plasma convalescente não melhorou os resultados entre os doentes que necessitaram de tratamento em unidades de cuidados intensivos.
Perante isso, os investigadores da REMAP-CAP suspenderam a investigação com mais doentes em cuidados intensivos, mas o estudo de utilização de plasma continuará a ser desenvolvido em doentes hospitalizados com sintomas moderados da Covid-19.
Segundo Anthony Gordon, professor de anestesia e cuidados intensivos do Imperial College London, o “REMAP-CAP foi capaz de fornecer indicações importantes sobre quais os doentes que podem beneficiar do plasma convalescente”.
“O plasma convalescente é um recurso precioso e agora podemos continuar a concentrar-nos em identificar exatamente quais os pacientes que podem beneficiar mais com este tratamento – talvez pessoas no início da doença ou com o sistema imunológico fraco”, adiantou o investigador.
A pandemia de Covid-19 já provocou pelo menos 1.963.557 mortos resultantes de mais de 91,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 8.080 pessoas dos 496.552 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
LUSA/HN
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