“Face à evolução da pandemia de Covid-19 em todo o território nacional, e em particular no território de Torres Vedras, a organização do Carnaval de Torres Vedras optou pela não realização de quaisquer atividades de Carnaval”, é referido num comunicado deste município do distrito de Lisboa hoje divulgado.
Em outubro, a autarquia tinha anunciado que “a Máscara” seria o tema da edição de 2021 e, apesar de afastar a hipótese de haver os habituais corsos, chegou a ponderar realizar alguns eventos como a inauguração do monumento alusivo ao Carnaval, a chegada dos Reis do Carnaval e a inauguração do museu alusivo ao Entrudo, em 12 de fevereiro, e o enterro do Entrudo, em 17 de fevereiro, com limitação de participantes.
Para tal, pediu parecer à Direção-Geral de Saúde, o qual foi obtido na sexta-feira e dá conta que “eventos de qualquer índole, em contexto de pandemia, podem acarretar riscos acrescidos para a saúde pública”.
Na nota de imprensa, a autarquia admite que “a proximidade e espontaneidade do carnaval de rua seriam impossíveis sem graves repercussões para a saúde pública”.
Para assinalar a ausência do Carnaval e homenagear todos os profissionais que trabalham na linha da frente na prevenção e combate à pandemia, o município vai inaugurar, em 12 de fevereiro, o monumento intitulado “a máscara” na Praça da República, no centro da cidade, onde ficará exposto durante um mês.
Em 1984, o Carnaval de Torres Vedras também não se realizou devido às cheias ocorridas meses antes na cidade.
O Carnaval de Torres Vedras, que em 2019 teve um orçamento de 800 mil euros, recebe cerca de meio milhão de visitantes durante os seis dias do evento e gera receitas de 10 milhões de euros na economia local.
A não realização do Carnaval de Torres Vedras 2021 surge no mesmo ano em que foi iniciada a consulta pública da sua candidatura a Património Nacional Imaterial, devendo a decisão sobre a inscrição ser tomada até junho pela Direção-Geral do Património Cultural.
São características dos festejos a chegada e entronização dos reis, o julgamento e enterro do Carnaval e as matrafonas (homens com roupas e acessórios habitualmente usados por mulheres).
O Carnaval de Torres Vedras insere-se nas tradições do Entrudo português, cujas raízes remontam às festas pagãs relacionadas com as festas de inverno e os cultos de fertilidade e da abundância no início da primavera, incluídos pelo Cristianismo no calendário litúrgico.
Considerada uma festividade urbana, o Carnaval de Torres Vedras remonta a 1930, quando a elite local republicana e um grupo social comercial/industrial emergente começou a organizar o primeiro corso, com carros alegóricos, batalhas de flores e inspiração nos modelos carnavalescos franceses e italianos.
Contudo, dadas as características também rurais do concelho, apresenta em simultâneo algumas reminiscências do Entrudo rural, como o enterro do Entrudo na Quarta-feira de Cinzas, o cortejo fúnebre e o julgamento, condenação e queima do rei.
Desde o início da pandemia, Torres Vedras contabiliza 3.346 casos confirmados de Covid-19, dos quais 1.012 estão ativos, 2.284 recuperaram e 50 morreram, segundo o último boletim epidemiológico do município.
A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.031.048 mortos resultantes de mais de 94,9 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 9.028 pessoas dos 556.503 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
LUSA/HN
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