Em comunicado, a APEMIP alerta que a decisão de extensão seja anunciada o quanto antes, para que os agentes económicos possam avaliar a sua situação.
“O final do regime das moratórias de crédito a empresas e famílias, previsto para setembro deste ano, poderá resultar uma verdadeira ‘bomba atómica para a economia’”, segundo o presidente da APEMIP, Luís Lima, citado na nota.
Para a associação, o adiamento da perspetiva do regresso à normalidade – que veio aumentar ainda mais a incerteza e a instabilidade das empresas e famílias – faz prever que possa haver um elevado nível de incumprimento assim que terminar este regime, que foi elementar para mitigar o efeito catastrófico da pandemia.
“Perante o cenário atual é fundamental que seja ponderado o prolongamento das moratórias de crédito por, pelo menos, mais um ano ou até mais tempo, como sugeriu o próprio Presidente da República, sob pena de assistirmos a uma verdadeira ‘bomba atómica’ na economia, por via do incumprimento em massa e do crédito malparado”, reitera.
Esta é uma decisão que deve ser tomada e anunciada o quanto antes para que os agentes económicos possam avaliar a sua situação, defende.
“Mais cedo ou mais tarde esta bomba explodirá, e por isso é importante que as pessoas e empresas tenham algum tempo para conseguirem criar o seu ‘bunker’ de forma a sofrerem a mínima ‘radioatividade’ possível”, afirma.
No que diz respeito ao setor imobiliário, Luís Lima afirma que, na pior das hipóteses, o fim das moratórias poderá resultar num cenário de incumprimento do pagamento das prestações de crédito à habitação, podendo dar-se o caso de resultar num aumento significativo da oferta imobiliária, motivado por pessoas com urgência e necessidade em realizar liquidez imediata que poderão, perante esta situação, ver-se tentadas a desvalorizar o seu património para acelerar a venda do ativo.
“Temos a experiência do que aconteceu na anterior crise, e creio que todos percebemos que há que evitar a todo o custo a repetição do mesmo cenário”, recorda.
Perante as complicações que se preveem, o representante das imobiliárias defende a extensão deste mecanismo “durante o tempo necessário para que se permita uma total recuperação económica. Durante este período, poder-se-á encontrar um meio-termo para que pessoas e empresas possam assumir pelo menos o valor dos juros”, afirma.
As moratórias do crédito bancário foram lançadas no âmbito da pandemia de Covid-19.
Em setembro passado, o Governo decidiu prolongar por mais seis meses, até 30 de setembro de 2021, o prazo das moratórias de crédito às famílias e, em dezembro, aprovou uma alteração ao regime, permitindo novas adesões até 31 de março de 2021.
O sistema bancário nacional concedeu um total de 46 mil milhões de euros em moratórias de crédito até setembro do ano passado, ao abrigo dos sistemas implementados na sequência da pandemia de Covid-19, de acordo com dados do Banco de Portugal (BdP).
Os dados divulgados na quinta-feira pelo supervisor bancário indicam que dos 46 mil milhões de euros, 24,4 mil milhões de euros dizem respeito a empresas (sociedades não financeiras, na designação técnica) e 21,6 mil milhões de euros às famílias.
LUSA/HN
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