A visita faz parte da investigação no terreno sobre as origens do novo coronavírus.
Os especialistas da OMS viajaram para a China, procedentes de Singapura, em 14 de janeiro passado, mas desde então observaram duas semanas de quarentena.
A missão prolongar-se-á por mais algumas semanas.
Os especialistas e as autoridades chinesas tiveram as primeiras reuniões presenciais num hotel esta manhã.
“Primeiro encontro cara a cara com os nossos colegas. Correção: máscara para máscara, dadas as restrições médicas”, apontou a virologista holandesa Marion Koopmans, através da rede social Twitter.
Membros da equipa deixaram depois o hotel de carro e pouco tempo depois entraram nos portões do Hospital Provincial de Medicina Integrada Chinesa e Ocidental de Hubei, onde, de acordo com o relato oficial da China, em 27 de dezembro de 2019, o médico Zhang Jixian diagnosticou os primeiros casos do que era então designado como “pneumonia de origem desconhecida”.
A OMS disse anteriormente no Twitter que a equipa solicitou “dados subjacentes detalhados” e planeou falar com alguns dos primeiros pacientes.
Os especialistas também têm planeado visitar locais como o mercado de mariscos de Huanan, ligado a muitos dos primeiros casos, o Instituto de Virologia de Wuhan e laboratórios em instalações como o Centro de Controlo de Doenças de Wuhan.
A investigação no terreno, que a China levou mais de um ano a autorizar, é extremamente sensível para o regime comunista, cujos órgãos oficiais têm promovido teorias que apontam para que o vírus tenha tido origem em outros países.
A visita dos especialistas acontece depois de longas negociações com Pequim, que incluíram uma rara reprimenda por parte da OMS, que afirmou que a China estava a demorar muito para fazer os arranjos finais.
“Todas as hipóteses estão sobre a mesa enquanto a equipa segue a ciência no seu trabalho para entender as origens da Covid-19”, afirmou a OMS.
A determinação da origem do vírus pode levar anos. Determinar o reservatório animal de um surto normalmente requer pesquisa exaustiva, incluindo amostras de animais, análises genéticas e estudos epidemiológicos.
Uma possibilidade é que um caçador de animais selvagens tenha passado o vírus para comerciantes que o levaram para Wuhan. O Governo chinês promoveu teorias, com poucas evidências, de que o surto pode ter começado com a importação de frutos do mar congelados contaminados com o vírus, uma ideia totalmente rejeitada por cientistas e agências internacionais.
Um possível foco para pesquisadores é o instituto de virologia da cidade. Um dos principais laboratórios de pesquisa de vírus da China, que detinha um arquivo de informações genéticas sobre coronavírus em morcegos.
Os membros da equipa da OMS passaram as últimas duas semanas em quarentena obrigatória, período durante o qual comunicaram com as autoridades chinesas por videoconferências, para estabelecer as bases para as visitas no terreno.
Os primeiros casos de Covid-19 foram detetados em Wuhan no final de 2019. Desde então, a China relatou mais de 89.000 casos e 4.600 mortes.
Apesar de alguns surtos recentes, o país conseguiu extinguir a doença em grande parte do território, após ter adotado restritas medidas de prevenção, que incluíram isolar cidades inteiras e confinar centenas de milhões de pessoas.
LUSA/HN
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