África do Sul pondera dar vacina em fase de testes a pessoal da saúde

9 de Fevereiro 2021

A África do Sul admite administrar aos trabalhadores da saúde uma vacina contra a Covid-19 ainda em fase de testes, após suspender o lançamento da vacina AstraZeneca, cujos resultados preliminares apontam uma eficácia mínima contra a variante dominante.

O país trabalha atualmente numa nova estratégia de vacinação depois de ter suspendido a utilização da vacina AstraZeneca, mais barata e mais fácil de manusear, mas cujos resultados preliminares num pequeno estudo mostraram ser apenas minimamente eficaz contra casos ligeiros a moderados da doença causados pela variante dominante neste país africano.

As possibilidades que estão a ser consideradas são a mistura da vacina da AstraZeneca com outra ou uma dose única da vacina da Johnson & Johnson, que ainda não obteve autorização para ser administrada, a 100.000 trabalhadores do setor da saúde, enquanto se controla a sua eficácia contra a variante.

Há razões para esperar que a vacina da Johnson & Johnson possa ter melhores resultados no país. Os resultados iniciais de um teste internacional da vacina mostraram que ela é 57% eficaz na África do Sul na prevenção da Covid-19 moderada a grave.

Valores inferiores aos obtidos em outros países como os Estados Unidos (72% de eficácia) ou 85% a nível internacional, na prevenção dos sintomas mais graves.

“Não podemos esperar. Já temos bons dados locais”, afirmou a diretora do Conselho de Investigação Médico da África do Sul, Glenda Gray, que liderou a parte sul-africana do ensaio global.

Salientou que os ensaios clínicos mostram que a vacina J&J é segura. Tal como a AstraZeneca, também é mais fácil de manusear do que as vacinas congeladas da Pfizer e Moderna.

A estratégia de inoculação da África do Sul está a ser observada globalmente, porque a variante inicialmente detetada e agora dominante está a espalhar-se em mais de 30 países.

As autoridades dizem que esta forma do vírus é mais contagiosa, estando a surgir provas de que pode ser mais virulenta. Estudos recentes também demonstraram que pode infetar pessoas que sobreviveram à forma original do vírus.

Após um segundo surto, os casos e mortes na África do Sul começaram a cair recentemente, mas o país continua a combater um dos surtos mais graves registados no continente africano e já contabiliza mais de 46.000 mortes em mais de 1,4 milhões de infeções.

Teme-se que outro pico venha a ocorrer em maio ou junho, quando o país do hemisfério sul se aproximar do inverno.

“Os nossos cientistas devem reunir-se e descobrir rapidamente que abordagem vamos utilizar”, disse o ministro da Saúde, Zweli Mhkize, no domingo à noite, anunciando a suspensão da utilização da vacina AstraZeneca, que é atualmente a única disponível na África do Sul. As entregas de outras, incluindo a feita pela Pfizer e pela BioNTech, são esperadas para breve.

A suspensão baralhou os planos de vacinação da África do Sul apenas uma semana após o país ter recebido as suas primeiras doses da vacina – um milhão.

Os primeiros resultados de um pequeno ensaio clínico mostraram que a vacina oferecia apenas proteção mínima contra casos ligeiros a moderados de Covid-19 em adultos jovens, segundo um anúncio da Universidade de Witwatersrand, que conduziu o teste.

O estudo AstraZeneca envolveu 2.000 voluntários saudáveis com uma idade média de 31 anos.

“As vacinas eficazes contra as formas mais graves de doença podem não afetar as formas mais suaves, pelo que existe um otimismo de que a doença grave ainda será prevenida por vacinas”, disse Peter Openshaw, professor de medicina experimental no Imperial College de Londres.

Mas os resultados foram suficientemente dececionantes para os funcionários sul-africanos decidirem adiar o lançamento da vacina, que deveria ser dada aos trabalhadores da linha da frente da saúde a partir de meados de fevereiro.

Lusa/HN

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