Português entre prioritários que recebeu vacina no Reino Unido já sonha em rever o mar

9 de Fevereiro 2021

O sonho de voltar a ver o mar português em agosto parece agora uma possibilidade a Jaime Oliveira, um nonagenário português entre os mais de 12 milhões de pessoas vacinadas no Reino Unido contra a Covid-19. 

“Eu estou a pensar e esta noite pensei que eu em agosto vou ver o mar”, disse à agência Lusa em Londres, onde vive com a filha desde 2004, apesar de o pensamento estar na Gafanha da Nazaré, de onde é natural.

“Nesta altura, já tenho saudades da minha terra, dos meus amigos, daquelas pessoas mais chegadas. De conversar. E uma coisa que me falta muito é ver o mar”, continuou.

Saudável e ativo, antes da pandemia Covid-19 Jaime Oliveira encontrava-se frequentemente com amigos em cafés portugueses no bairro de Stockwell, sul de Londres, conhecido por ‘Little Portugal’, mas agora o contacto tem de ser feito por telefone ou redes sociais.

Todos os anos, parte do verão é passado em Portugal. Na vacina vê uma esperança para sair livremente de casa, onde tem estado resguardado devido ao risco de representa o seu grupo etário, por isso não hesitou quando lhe foi proposta a imunização.

“Foi uma maravilha, um prazer enorme, um contentamento que não faz ideia. Eu vejo televisão, eu leio, eu sei o que se está a passar, isto é uma epidemia terrível que tem matado milhões de pessoas, não só aqui, mas em todo o mundo. Sou português e no meu país está uma calamidade”, disse.

Mas a campanha de vacinação britânica tem enfrentado alguma resistência entre alguns grupos socioeconómicos e comunidades de várias origens étnicas, superior à existente entre britânicos, segundo estudos científicos apresentados ao Governo britânico recentemente.

“As barreiras à adesão da vacina incluem perceção de risco, baixa confiança na vacina, desconfiança, barreiras no acesso, inconveniência, contexto sociodemográfico e falta de recomendação, falta de oferta da vacina ou falta de comunicação de prestadores e de líderes comunitários de confiança”, enumera um documento do Grupo de Aconselhamento Científico para Emergências [SAGE].

Muitas pessoas, sobretudo estrangeiros, são também expostas a desinformação ou informação incorreta que circula sobretudo em redes sociais e plataformas de mensagens na sua própria língua.

 “A informação que recebem, a comunicação social que veem, é normalmente diferente daquela que temos aqui. Temos de estar conscientes de que pessoas estão a receber outros tipos de informação e às vezes é confuso receber mensagens diferentes”, reconheceu o médico Vikesh Sharma.

No centro de saúde Grantham Practice, em Stockwell, cerca de 33% dos pacientes são lusófonos, pelo que clínico tem procurado aproximar-se da comunidade portuguesa, traduzindo folhetos informativos sobre serviços de saúde e participando no grupo de apoio Lambeth Portuguese Wellbeing Partnership.

Este grupo está agora a produzir algum material em português para promover a adesão à vacina contra a Covid-19, incluindo vídeos para as redes sociais, e os serviços de saúde do sul de Londres também estão a enviar mensagens de texto em português para telemóveis.

“Tem sido necessário muito tempo para discutir perguntas e respostas, mas quando o fazemos, a maioria das pessoas quer receber a vacina”, adiantou o médico de família britânico.

O Reino Unido começou por vacinar residentes e trabalhadores de lares de idosos e pessoas com mais de 80 anos, juntamente com profissionais de saúde, e depois os maiores de 70 anos.

Jaime Oliveira, que é protagonista de um vídeo de apelo à vacinação, está grato por estar num dos grupos prioritários, bem como a filha Filomena, que deixou de trabalhar em novembro como empregada doméstica para reduzir o risco de contágio.

Foi ela que fez de intérprete entre o médico e o pai, que não domina o inglês, mas foi a decisão de receber a vacina foi consensual.

“Para nós foi um alívio muito grande ele ter apanhado a vacina, porque nós sabemos que ele não está imune 100%, mas neste momento já tem uma certa imunidade. (…) Para mim, foi a melhor coisa que nos aconteceu, foi a única coisa boa que aconteceu nesta pandemia”, confiou.

LUSA/HN

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