Em 91 países ou territórios, segundo um balanço feito pela AFP, foram administradas até agora 151 milhões de doses de vacinas para a covid-19, desenvolvidas antes do surgimento das variantes britânica, brasileira e sul-africana, resultantes de mutações do coronavírus e potencialmente mais contagiosas.
Desde final de dezembro de 2019, a pandemia causou mais de 2,34 milhões de mortes em todo o mundo, registando-se os mais elevados totais de vítimas mortais nos Estados Unidos (468.203), Brasil (233.520), México (168.432), Índia (155.252) e Reino Unido (113.850).
Mas, no seu conjunto, os países da União Europeia (UE), em que se inclui Portugal, superam mesmo o marco simbólico de 500 mil mortes, estando portanto acima do total norte-americano.
Em Portugal, morreram 14.718 pessoas dos 774.889 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
Os últimos dados europeus indicam que foram 103.250 os novos casos de covid-19 nos 27 países membros da UE na semana de 3 a 9 de fevereiro, uma descida de 16 por cento em relação ao anterior período semanal.
Também o número de mortes recuou na UE, 7% para 3.137, enquanto se acumulam sinais de frustração da Comissão Europeia relativamente ao andamento da vacinação.
Ursula Von der Leyen, presidente da Comissão, disse hoje que a UE foi “demasiado otimista” quanto ao ritmo de produção de vacinas contra a covid-19, apelando à indústria farmacêutica para “se adaptar ao ritmo acelerado da ciência”.
“Demorámos mais tempo na autorização e fomos demasiado otimistas na produção de vacinas e talvez tenhamos mostrado uma confiança de que o produto iria chegar atempadamente e, portanto, temos de tirar ilações”, declarou
Enquanto prossegue a recolha e análise de dados sobre as diferentes vacinas – e respetiva eficácia perante as novas variantes – à palavra de ordem vacinação junta-se confinamento.
Com a maior economia da zona euro, a Alemanha vai prolongar o confinamento até 07 de março, na sequência de um acordo entre a chanceler Angela Merkel os líderes regionais, apesar de estar previsto um regresso gradual desde o início desse mês ao ensino presencial.
O prolongamento acordado resultou de um consenso entre a intenção de Merkel de manter as restrições até 14 de março e o de diversos estados federados (Länder) que pretendiam reabrir as escolas e creches em 01 de março.
Também hoje, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) admitiu “preocupações” sobre a eficácia das vacinas desenvolvidas contra a covid-19 para combater as novas variantes do vírus, estando a desenvolver orientações para os fabricantes, nomeadamente os já autorizados.
“Há preocupações de que algumas destas mutações possam ter impacto em diferentes graus na capacidade das vacinas de proteger contra infeções e doenças”, informa o regulador europeu em comunicado.
A EMA aprovou três vacinas para utilização na UE: Pfizer-BioNTech, Moderna e AstraZeneca.
“A fim de considerar opções para testes adicionais e desenvolvimento de vacinas eficazes contra novas mutações de vírus, a agência solicitou a todos os criadores de vacinas que investiguem se a sua vacina pode oferecer proteção contra quaisquer novas variantes, por exemplo, as identificadas no Reino Unido, África do Sul e Brasil, e apresentem dados relevantes”, explica a EMA.
Ainda assim, A EMA vinca que “uma redução na proteção contra doenças leves não se traduz necessariamente numa redução na proteção contra formas graves da doença e das suas complicações”, estando antes em causa a necessidade de “recolher mais provas”.
No final de janeiro, numa audição no Parlamento Europeu, a diretora EMA disse que as vacinas da Pfizer-BioNtech e da Moderna contra a covid-19 são eficazes para a variante britânica, mas admitiu que a mutação da África do Sul é “mais complicada”.
O Grupo Consultivo Estratégico de Peritos em Imunização (SAGE, na sigla em inglês) da Organização Mundial de Saúde (OMS) defendeu hoje que a vacina AstraZeneca pode ser administrada a pessoas com mais de 65 anos.
Vários países, incluindo Portugal, recomendaram que a vacina não fosse administrada a pessoas com mais de 65 anos, por haver dúvidas sobre a eficácia nesse grupo etário.
Nas recomendações, provisórias, os peritos da OMS notam que a eficácia da vacina AstraZeneca tende a ser maior quando o intervalo entre a primeira e a segunda dose é mais longo, e sugerem um intervalo entre oito a 12 semanas entre as duas doses.
A vacina AstraZeneca, importante para a OMS porque é uma das que vai ser distribuída (mais de três centenas de milhões de doses) pelo mecanismo COVAX (iniciativa para uma distribuição global e equitativa de vacinas), ao contrário de outras pode ser conservada numa rede normal de frio.
Um estudo feito na semana passada na África do Sul, onde circula uma das novas variantes, indicou que a eficácia da vacina AstraZeneca era muito limitada, podendo ser apenas de 22%, o que levou o país a adiar a distribuição.
A eficácia da vacina AstraZeneca está estimada em 70%, enquanto as vacinas Pfizer/BioNTech ou Moderna têm uma eficácia superior a 90%.
LUSA/HN
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