Estudos apontam que metade dos sul-africanos pode ter sido infetada com o vírus

18 de Fevereiro 2021

Metade dos 59 milhões de habitantes da África do Sul pode ter sido infetada com o vírus SARS-CoV-2, de acordo com dois estudos, que estimam que vários milhares de mortes por Covid-19 não aparecem nas estatísticas oficiais.

O país africano oficialmente mais atingido pelo coronavírus, e que conduziu uma extensa campanha de testes na primeira vaga da pandemia, registou cerca de 140 mil mortes acima dos registos médios da mortalidade no país desde maio de 2020, de acordo com o South African Medical Research Council (SAMRC).

A maior companhia privada de seguros médicos do país, Discovery, estima que cerca de 90%, ou 120 mil , destas mortes são atribuíveis à Covid-19.

De acordo com estatísticas oficiais, a África do Sul regista 48.478 mortes relacionadas com o coronavírus, e 1.496.439 casos acumulados de infeções.

Estes números são subestimados, segundo o responsável pelo departamento de estatísticas da Discovery, Emile Steep. “As mortes atribuídas à Covid são subestimadas em quase todos os países do mundo”, afirmou à AFP.

O responsável estima que a mortalidade relacionada com a Covid-19 é de cerca de 0,4% na África do Sul. Assumindo que 120 mil pessoas morreram devido à doença, tal significaria que mais de 30 milhões de pessoas terão sido contaminadas, de acordo com os cálculos de Steep, ou seja, cerca de metade da população.

A estimativa da Discovery é consistente com um estudo de anticorpos, que revela que entre 32% e 63% dos sul-africanos contraíram o vírus desde o início da pandemia.

A presença de anticorpos no sangue torna possível detetar se uma pessoa foi infetada com um vírus, mesmo após a recuperação.

O estudo, publicado na semana passada pelo Serviço Nacional de Sangue da África do Sul, foi realizado num painel de cinco mil dadores em apenas quatro províncias do país.

A África do Sul está a ser afetada por uma segunda vaga de infeções com o coronavírus, em grande parte causada por uma variante local, que se acredita ser mais contagiosa.

A curva de novas infeções tem vindo a descer consistentemente, com o número de novos casos a cair para cerca de dois mil por dia, registo que compara com mais de vinte mil no final de dezembro.

O país lançou esta quarta-feira uma campanha de imunização com vacinas produzidas pela gigante farmacêutica americana Johnson & Johnson.

LUSA/HN

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