Cerca de 300 brasileiros aguardam voo em Portugal para regressar ao país

25 de Fevereiro 2021

O presidente da Associação Brasileira em Portugal (ABP) alertou esta quinta-feira que há uma lista com cerca de 300 brasileiros retidos em Portugal, com passagens compradas, que poderão não conseguir viajar no voo de sexta-feira, anunciado pelas autoridades.

“O voo do dia 26 é uma operação privada”, o que mostra um “contrassenso”, porque “os governos estão tratando dos voos, mas colocam uma operação privada”, afirmou à Lusa Ricardo Amaral Pessôa.

A página da TAP tem apresentado problemas de acesso aos passageiros, exemplificou. “Pode ser que o site cai, mas como estamos numa situação de emergência (…) não pode falhar”.

Por outro lado, Brasília tem insistido que “a embaixada e os consulados gerais do Brasil em Portugal continuam a acompanhar a situação dos brasileiros”, mas os que querem viajar “não têm contacto nenhum com o consulado, nem com a embaixada”, sublinhou Ricardo Amaral, salientando que “as pessoas ligam para o número de emergência e ninguém atende”.

Ricardo Amaral Pessôa, que é também membro do Conselho Consultivo para os Assuntos da Imigração (COCAI), em representação dos brasileiros em Portugal, diz que tem uma lista de cerca de “300 brasileiros que tinham passagens compradas pelas companhias aéreas Latam, Azul e Tap”, que não conseguiram viajar por causa da suspensão dos voos entre Portugal e o Brasil.

Segundo aquele responsável já há algumas alternativas, mas não para os que compraram bilhetes da Azul, que terão de pagar entre 842 e 1.300 euros, para viajarem no voo de sexta-feira.

Além dos que tinham passagens compradas, “existem outras pessoas que querem retornar ao Brasil e querem aproveitar, neste momento, o voo” disse, embora admitindo que esses não possam adquirir bilhetes.

Apesar de tudo, o dirigente associativo considera que o número dos que querem regressar ao Brasil, por estarem em situação de vulnerabilidade “é diminuto”, quando comparado com o do ano passado, durante o confinamento.

No atual contexto de pandemia, Ricardo Amaral pede ao Consulado que abra aos imigrantes: “Eu conclamo ao atual cônsul que olhe para a diáspora brasileira, que convide as lideranças associativas e o conselho de cidadãos”.

Na semana passada, o Brasil anunciou a realização de um voo comercial extraordinário entre Lisboa e São Paulo, operado pela TAP e previsto para 26 de fevereiro, após pressão de brasileiros retidos em Portugal devido à pandemia.

“O Governo do Brasil, atento às dificuldades enfrentadas por cidadãos brasileiros em Portugal em decorrência da suspensão de voos diretos entre os dois países, concluiu com o Governo de Portugal negociações para a realização de um voo comercial extraordinário da empresa aérea TAP entre Lisboa e Guarulhos [São Paulo]. O voo está previsto para a próxima sexta-feira, 26 de fevereiro”, informou o Ministério das Relações Exteriores em comunicado.

O executivo brasileiro, presidido por Jair Bolsonaro, frisou tratar-se de uma “operação privada” e que os interessados em viajar devem contactar diretamente a TAP para marcação ou reagendamento de bilhetes.

Ainda de acordo com o Ministério das Relações Exteriores, os dois Governos têm mantido contactos para facilitar a realização de voos extraordinários desde a suspensão das operações decretada pelo executivo português, em 27 de janeiro, acrescentando que está sob negociação a “possibilidade de realização de novos voos, em bases igualmente comerciais”.

A viagem de Lisboa para São Paulo ocorrerá um dia antes do voo da TAP de repatriamento de portugueses no Brasil, agendado para o próximo dia 27, anunciou o Ministério dos Negócios Estrangeiros português.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Internamento do Hospital de Amarante terá 150 novas camas

O internamento do Hospital de São Gonçalo, em Amarante, vai ter mais 150 camas, alargamento incluído numa obra que deverá começar no próximo ano e custará 14 milhões de euros, descreveu hoje fonte da ULS Tâmega e Sousa.

Combinação de fármacos mostra potencial para melhorar tratamento do cancro colorretal

Estudo pré-clínico liderado pela Universidade de Barcelona descobriu um mecanismo metabólico que explica a resistência das células de cancro colorretal ao fármaco palbociclib. A investigação demonstra que a combinação deste medicamento com a telaglenastat bloqueia essa adaptação das células, resultando num efeito sinérgico que reduz significativamente a proliferação tumoral, abrindo caminho para futuros ensaios clínicos

XIV Congresso da FNAM debate futuro do SNS em momento decisivo

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) vai realizar nos dias 15 e 16 de novembro de 2025, em Viana do Castelo, o seu XIV Congresso, sob o tema “Que Futuro Queremos para o SNS?”. Este encontro, que terá lugar no Hotel Axis, surge num contexto de grande incerteza para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e reunirá mais de uma centena de delegados de todo o país.

Motards apoiam prevenção do cancro da próstata no “Novembro Azul”

No âmbito do “Novembro Azul”, mês dedicado à sensibilização para o cancro no homem, o Núcleo Regional do Sul da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC-NRS) organiza a iniciativa “MEN – Motards Embrace November”, um passeio solidário de motociclistas que combina a paixão pelas duas rodas com a promoção da saúde masculina.

Hospital de Vila Real investe 13 milhões na ampliação da urgência

A Unidade Local de Saúde de Trás-os-Montes e Alto Douro (ULSTMAD) anunciou um investimento de 13 milhões de euros para a ampliação do serviço de urgência do Hospital de Vila Real. O valor, financiado a 50% pelo programa Norte 2030, destina-se a melhorar as condições de trabalho dos profissionais e o atendimento aos utentes.

André Gomes (SMZS) “Médicos satisfeitos não precisam de ser prestadores de serviços”

Em entrevista exclusiva ao HealthNews, André Gomes, recém-eleito presidente do Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) para o triénio 2025-2028, traça as prioridades do mandato. O foco absoluto é inverter a perda de poder de compra e a degradação das condições de trabalho no SNS. A estratégia passa por pressionar o Ministério da Saúde, já em mediação, para repor direitos como as 35 horas e atualizar salários. Combater a precariedade e travar a fuga de médicos para o privado e internacional são outras batalhas, com a defesa intransigente de um SNS público como bandeira

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights