Coordenadora do bloco defende desconfinamento cauteloso mas critica ausência de plano

26 de Fevereiro 2021

A coordenadora do BE defendeu esta sexta-feira que o desconfinamento deve ser feito de “forma cautelosa”, mas manifestou preocupações em relação à ausência de um programa do Governo para recuperar cuidados de saúde e adaptar as escolas para a reabertura.

Em declarações aos jornalistas na sede do Bloco, depois de uma reunião virtual com trabalhadores de cantinas, Catarina Martins afirmou que “o desconfinamento deve ser feito de uma forma cautelosa, naturalmente, até tendo em conta a pressão que ainda existe sobre o Serviço Nacional de Saúde”.

Questionada sobre se o partido concorda com a manutenção do confinamento até à Páscoa, conforme defendeu na quinta-feira o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a bloquista disse estar “a aguardar os números”, que no seu entender devem “ser analisados com mais tempo”, embora o país esteja a registar uma descida do número de infetados.

“Em condições de baixa de número de contágio, com os mecanismos de saúde pública implementados, é preciso pensar no desafinamento criando as condições para esse desconfinamento existir”, considerou Catarina Martins.

“O facto de o país não conhecer o programa de Governo nem para adaptar as escolas para um desconfinamento quando for possível nem para recuperar cuidados de saúde logo que seja possível é do nosso ponto de vista preocupante”, sublinhou a coordenadora do BE.

Na ótica de Catarina Martins, “tão grave como desconfinar apressadamente será esperar para desconfinar nas condições anteriores sem terem sido criadas novas condições de segurança”.

O BE entende, por isso, que o Governo deve adotar um modelo que “permita a reabertura mais cedo de escolas, nomeadamente para os ciclos de ensino mais jovens com segurança”, recusando a ideia de que as escolas “ou estão abertas como estavam antes da pandemia ou estão encerradas”.

“Não é possível crianças e jovens passarem dois anos da sua vida confinados, sem terem acesso à escola. Nós já vamos em um ano de pandemia e nós sabemos, porque é isso que nos diz a ciência, que não vai haver uma vacinação a nível global tão depressa que a pandemia vá acabar nos próximos meses”, reforçou.

Catarina Martins considerou possível fazer “desdobramento de espaços, desdobrar turmas”, assim como “impor rastreios regulares na escola” de forma a que estes estabelecimento de ensino possam reabrir em segurança.

Deve também ser ponderado inserir “o pessoal docente e não docente que está na linha da frente” como prioritários no plano de vacinação, referiu.

A coordenadora do Bloco salientou que não “compreende que o Governo não ponha no terreno nem os apoios sociais nem os apoios económicos básicos para segurar este país que está a fazer tudo o que pode para controlar a pandemia”.

“Há muitas trabalhadores neste momento sem nenhum rendimento, há muitas famílias em situação de desespero”, realçou.

O Presidente da República desaconselhou na quinta-feira um desconfinamento antes da Páscoa, por “uma questão de prudência e de segurança”, argumentando que esse período é “arriscado para mensagens confusas ou contraditórias”.

Numa declaração ao país, Marcelo Rebelo de Sousa, pediu também que se estude e prepare com tempo o futuro desconfinamento, escolhendo sem precipitações o momento de desconfinar, para não repetir erros.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Estudo revela impacto das diferenças de género na doença de Parkinson

Um estudo recente evidencia que as mulheres com Parkinson enfrentam subdiagnóstico e dificuldades no acesso a cuidados especializados. Diferenças hormonais, estigma e expectativas de género agravam a progressão da doença e comprometem a qualidade de vida destas pacientes.

ESEnfC acolhe estudantes europeus em programa inovador de decisão clínica

A Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) recebeu 40 estudantes e oito docentes de Espanha, Finlândia, Itália e Portugal para um programa intensivo sobre competências clínicas e tomada de decisão. O evento combinou atividades online e presenciais, promovendo inovação pedagógica

VéloPsiq: bicicletas no combate ao sedentarismo psiquiátrico

O Hospital de Cascais lançou o Projeto VéloPsiq, uma iniciativa pioneira que utiliza bicicletas ao ar livre para melhorar a saúde física e mental de pacientes psiquiátricos. Com apoio da Câmara Municipal e da Cascais Próxima, o projeto promove reabilitação cardiovascular e bem-estar.

Johnson & Johnson lança série de videocasts sobre cancro da próstata

A Johnson & Johnson Innovative Medicine Portugal lançou a série “Check Up dos Factos – À Conversa Sobre Cancro da Próstata”, um conjunto de quatro vídeocasts que reúne oncologistas e urologistas para discutir temas-chave como NHTs, terapias combinadas e estudos de vida real no CPmHS.

Ronaldo Sousa: “a metáfora da invasão biológica é uma arma contra os migrantes”

Em entrevista exclusiva ao Health News, o Professor Ronaldo Sousa, especialista em invasões biológicas da Universidade do Minho, alerta para os riscos de comparar migrações humanas com invasões biológicas. Ele destaca como essa retórica pode reforçar narrativas xenófobas e distorcer a perceção pública sobre migrantes, enfatizando a necessidade de uma abordagem interdisciplinar para políticas migratórias mais éticas

OMS alcança acordo de princípio sobre tratado pandémico

Os delegados dos Estados membros da Organização Mundial da Saúde (OMS) chegaram este sábado, em Genebra, a um acordo de princípio sobre um texto destinado a reforçar a preparação e a resposta global a futuras pandemias.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights