“Antes da pandemia tínhamos 88 grupos presenciais, de ‘porta aberta’ em todo o território nacional, e apenas um grupo virtual, lançado em 2016. Durante o período da pandemia, muitos grupos que tinham reuniões presenciais fecharam as portas, mas começámos a reunir virtualmente”, sublinhou António, que pediu para ser identificado assim, porque “o alcoolismo ainda é estigmatizado”.
Segundo o responsável, quer no primeiro confinamento, quer no atual, as reuniões virtuais foram a única possibilidade de manter ativos os 600 participantes regulares nos encontros dos AA, algo que é fundamental no processo de recuperação.
“Um alcoólico, que esteja em sobriedade e abstinência, que não participe em reuniões, corre um maior risco de voltar a beber”, vincou, relatando que, no seu caso, está há 18 anos sem consumir bebidas alcoólicas.
António considerou que “não foi muito difícil manter a metodologia” das reuniões presenciais nos encontros virtuais, mas que “a dinâmica é muito diferente” nos dois formatos.
“Por exemplo, no caso dos recém-chegados, numa reunião presencial a receção é muito mais próxima, mas a experiência ‘online’ resultou e temos pessoas que chegaram através dos encontros virtuais e que continuam connosco. Vimos que funciona mesmo e isso deu-nos alento para continuar”, frisou.
Mesmo defendendo a importância do modelo de reuniões presenciais, devido sobretudo à proximidade, António considerou que a vertente ‘online’ abre novas oportunidades, dando o exemplo de pessoas da comunidade que “podem participar em reuniões por todo o país e até mesmo no estrangeiro sem sair de casa”, conhecendo mais participantes e trocando novas experiências.
Por isso, o secretário-geral dos AA antecipou que “os grupos virtuais vieram para ficar e vão coexistir com os tradicionais”, até porque a pandemia levou as pessoas a mudarem a forma como procuram ajuda.
“Os acessos ao nosso ‘site’ [aaportugal.org] aumentaram significativamente entre o início de 2020 e o início de 2021, e duplicámos os contactos por ’email’ [info@aaportugal.org], enquanto as chamadas telefónicas para o número de ajuda [2171622969] se mantiveram ao mesmo nível de há dois anos”, adiantou.
O responsável disse ainda que tem sido registada ao longo do último ano uma redução da média de idades das pessoas que procuram ajuda nos AA.
“Apesar de ser uma comunidade muito heterogénea, tipicamente, as pessoas de 40 e tal anos ou de 50 e tal anos é que se aproximavam. Agora, há cada vez mais pessoas mais jovens a procurar-nos”, informou, no lançamento do XXIV Fórum Nacional de Serviço dos AA, que se estende até domingo no formato de teleconferência.
A discussão sobre as experiências nos AA durante o atual quadro pandémico, face à generalização das reuniões ‘online’, vai estar em destaque no Fórum, que conta com 126 inscritos, quando na última edição, em fevereiro de 2020, ainda antes de terem sido detetados casos de covid-19 em Portugal, teve 180 participantes, o máximo alcançado desde a sua primeira edição.
LUSA/HN
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