Estudo revela que sofrimento emocional dos doentes oncológicos aumentou durante a pandemia

18 de Março 2021

Um estudo realizado pela Liga Portuguesa Contra o Cancro avaliou o impacto da pandemia a nível social, económico e social nos doentes oncológicos/sobreviventes. Cinco em cada dez doentes apresentou sofrimento emocional significativo durante a pandemia.

Doentes, cuidadores e familiares enfrentaram desafios adicionais na luta contra o cancro. Um estudo realizado a mais de 900 doentes oncológicos/sobreviventes de cancro e a mais de 300 familiares/cuidadores, residentes em Portugal, revela que o nível de distress aumentou de forma significativa.

A nível psicológico cinco em cada dez doentes oncológicos apresentou distress (sofrimento) emocional significativo durante a pandemia, valor que aumenta nos casos dos doentes que tiveram tratamentos suspensos (6 em cada 10 doentes). Ainda, 6 em cada 10 cuidadores com distress emocional significativo – os dados mostram que os cuidadores dos doentes oncológicos revelaram um maior impacto emocional durante a pandemia do que os doentes.

De acordo com os mesmos dados, é foi possível concluir que 3 em cada 10 doentes oncológicos e 4 em cada 10 cuidadores manifesta ansiedade significativa e que 2 em cada 10 doentes oncológicos e 2 em cada 10 cuidadores manifesta depressão significativa.

Natália Amaral, membro da Direção da LPCC, realça que “além  do enorme impacto que o diagnóstico e o tratamento do cancro representam, doentes, sobreviventes e familiares e cuidadores, são agora confrontados com desafios adicionais, que passam pela necessidade de proteção em relação ao vírus, gerir a ansiedade e incerteza quanto à continuidade do tratamento médico, e adaptar-se às alterações nas rotinas diárias e familiares, incluindo a privação da autonomia e dos contactos sociais”.

Os resultados obtidos permitiram verificar, ainda, que dois em cada dez doentes e um em cada dez cuidadores ponderaram suspender, por sua iniciativa, os atos clínicos, por medo de se dirigirem aos hospitais e ainda que 57% dos doentes tiveram receio de serem infetados por outros doentes e profissionais de saúde. No caso dos cuidadores, 75% tiveram receio que o doente de quem cuidam pudesse ser infetado.

O estudo realizado pela LPCC revela ainda que a maioria dos doentes oncológicos se considera um doente de risco para a Covid-19 (maior probabilidade de contágio e maior vulnerabilidade a complicações) e que o mesmo acontece com os cuidadores, relativamente aos doentes que cuidam. Cerca de 1 a 2 em cada 10 doentes revelaram desconhecimento sobre o seu nível de risco.

PR/HN/Vaishaly Camões

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Carina de Sousa Raposo: “Tratar a dor é investir em dignidade humana, produtividade e economia social”

No Dia Nacional de Luta contra a Dor, a Health News conversou em exclusivo com Carina de Sousa Raposo, do Comité Executivo da SIP PT. Com 37% da população adulta a viver com dor crónica, o balanço do seu reconhecimento em Portugal é ambíguo: fomos pioneiros, mas a resposta atual permanece fragmentada. A campanha “Juntos pela Mudança” exige um Plano Nacional com metas, financiamento e uma visão interministerial. O principal obstáculo? A invisibilidade institucional da dor. Tratá-la é investir em dignidade humana, produtividade e economia social

Genéricos Facilitam Acesso e Economizam 62 Milhões ao SNS em 2025

A utilização de medicamentos genéricos orais para o tratamento da diabetes permitiu uma poupança de 1,4 mil milhões de euros ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) nos últimos 15 anos. Só em 2025, a poupança ultrapassou os 62 milhões de euros, segundo dados divulgados pela Associação Portuguesa de Medicamentos pela Equidade em Saúde (Equalmed) no Dia Mundial da Diabetes.

APDP denuncia falhas na aplicação do direito ao esquecimento para pessoas com diabetes

No Dia Mundial da Diabetes, a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal alerta que a Lei do Direito ao Esquecimento não está a ser cumprida na prática. A associação recebe queixas de discriminação no acesso a seguros e crédito, defendendo que a condição clínica não pode ser um obstáculo à realização pessoal e profissional. A regulamentação da lei está em fase de auscultação pública, mas persiste o receio de que não garanta plena equidade.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights