O recrutamento forçado dos médicos de Medicina Interna, Pneumologia e Clínica Geral foi adotado depois de fracassar o processo para se conseguirem voluntários dispostos a trabalhar no serviço público, disse o ministro da Saúde, Vassilis Kikilias.
O ministério, que tinha solicitado no mês de fevereiro 206 médicos que voluntariamente se apresentassem nos serviços de saúde públicos por um período de um mês, lançou um ultimato na semana passada, referindo-se às necessidades dos hospitais que atendem os doentes afetados com SARS-CoV-2.
Até ao momento só se tinham apresentado 61 profissionais de saúde de um total de 2.500 médicos registados na região da capital da Grécia.
Os voluntários vão receber dois mil euros livres de impostos e pagamentos extraordinários referentes a horas extraordinárias e que podem rondar os 1.300 euros.
Por outro lado, podem decidir quantos dias e quantas horas podem trabalhar no sistema público de saúde.
De acordo com a imprensa local, os médicos recrutados de forma compulsiva depois de encerrado o período de recrutamento voluntário não vão receber qualquer pagamento extraordinário.
Até ao momento, desconhece-se o método de seleção que o Ministério da Saúde pretende adotar no recrutamento forçado.
O único aspeto confirmado é a receção de um aviso com a hora e hospital onde os médicos do setor privado se devem apresentar por ordem do Governo.
Os médicos que não se apresentarem ficam sujeitos a sanções que ainda não foram especificadas.
Nas últimas semanas verificou-se um aumento do número diário de casos de Covid-19, que superou com frequência os dois mil contágios, assim como se regista um aumento significativo dos internamentos hospitalares devido à doença.
No domingo, o número de pessoas que tiveram de receber respiração assistida alcançou um novo valor máximo: 674 doentes nas unidades de cuidados intensivos em Atenas, onde mais de uma centena de pessoas estão entubadas em espaços comuns.
Os médicos do sistema nacional de saúde grego queixam-se do Governo do conservador Kyriakos Mitsotakis, grande defensor da saúde privada, que não reforçou suficientemente a rede pública de hospitais face à crise sanitária.
A Federação das Associações dos Hospitais da Grécia (OENGE) criticou as autoridades gregas pelo encerramento dos blocos operatórios transformados em zonas para tratamento de doentes com Covid-19, em vez de abrir novos espaços hospitalares destinados à doença.
A federação pede para que sejam requisitadas clínicas privadas, com todas as infraestruturas disponíveis, em vez do recrutamento de médicos.
Além do mais, os médicos do sistema público criticam o método de recrutamento obrigatório porque estão a ser chamados profissionais de todo o tipo de especialidades para tratar doentes com SARS CoV-2, em vez de se realizarem mais contratações para as estruturas do Estado.
O Governo afirma que foram contratados 10 mil profissionais de saúde durante a pandemia, mas os sindicatos indicam que se trata de contratos a prazo.
A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.710.382 mortos no mundo, resultantes de mais de 122,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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