“Temos avançado rapidamente no processo de vacinação. Os chilenos têm ido em massa a vacinar-se. Porém, há um segmento que precisamos de ir buscar: são os moradores de rua. Estão mais expostos à doença e são mais vulneráveis a efeitos graves”, explicou aos jornalistas a subsecretária de Saúde Pública, Paula Daza, no lançamento da campanha no albergue Villavicencio em Santiago.
A partir desta semana, equipas especiais do Ministério da Saúde e do Ministério de Desenvolvimento Social vão sair à procura dos moradores de rua, que se estima serem cerca de 16.400.
Segundo o calendário de Saúde, muitos já deviam ter sido vacinados, devido à idade ou a alguma doença pré-existente, mas a falta de acesso à informação e até de confiança deixam esse segmento social de fora.
A campanha especial para os sem-abrigo terá dois pilares: postos de vacinação instalados nos albergues e dormitórios para moradores de rua e equipas que vão em busca dessa população para levá-la até aos postos.
A expectativa das autoridades chilenas é que, ao sentirem-se seguros com o processo, os próprios moradores passem a informação uns aos outros.
“Muitas vezes, por diversas razões, essa população não tem acesso à informação. Estamos a levar a vacinação, mas também elementos de proteção pessoal. Essa é também uma forma de criar um vínculo de confiança para que aceitem vir a um posto de vacinação”, conta Sebastián Villarreal, subsecretário de Serviços Sociais, outro responsável pelo lançamento da campanha.
Na segunda-feira, no albergue Villavicencio, 800 pessoas foram vacinadas. A expectativa é que outras mil possam ser vacinadas nesta semana e que todos os moradores de rua do país estejam vacinados antes da chegada do rígido inverno chileno.
O Registo Social de Lares do Chile calcula que 16.400 pessoas estejam nas ruas de todo o país, sobretudo da região metropolitana de Santiago, onde vivem sete dos 19 milhões de habitantes.
Em proporção da sua população, o Chile é o terceiro país que mais vacinou no mundo, atrás de Israel e Emirados Árabes Unidos.
Até agora, 5.650 milhões de chilenos, o equivalente a 29,3% da população total, já receberam pelo menos uma dose.
Desde o dia 08 de março, o Chile passou a ser o país que mais vacinas aplica diariamente. São 1.39 dose a cada 100 habitantes. Israel aplica 1.09.
Porém, paralelamente, enquanto o país não atinge a chamada imunidade de grupo, com 80% da população vacinada até junho, a maioria dos chilenos está sob confinamento.
As restrições ficarão ainda mais duras a partir da próxima quinta-feira, quando cerca de 74% da população entrará em quarentena total.
O novo regime inclui 42 cidades. Nos finais de semana, o confinamento sobe a mais de 90% da população, uma situação ainda mais rígida do que a do ano passado.
Em 14 de junho, no pico da primeira vaga, o Chile registou 6.938 casos. Esse recorde foi batido no último fim de semana, elevando a ocupação dos cuidados intensivos para 95% e deixando o país à beira do colapso sanitário. Os casos ativos superam os 38 mil.
No total, o Chile regista 938.094 contágios, dos quais 22.359 resultaram em falecidos.
A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.716.035 mortos no mundo, resultantes de mais de 123 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
LUSA/HN
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