“O Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP) apurou que a esta altura ainda só 45% do Corpo dos Guardas [de Portugal continental] foi vacinado com a primeira e com a segunda dose da vacina contra a covid-19. E que há 10%, cerca de 350 Guardas, que ainda não receberam nenhuma dose”, refere este sindicato, em comunicado enviado à agência Lusa.
Em 30 de março, a ministra da Justiça, Francisca van Dunem, anunciou que todos os guardas prisionais do continente já tinham sido vacinados contra a Covid-19, num total de 8.800 vacinas aplicadas nos serviços prisionais.
“O processo de vacinação em curso na área da Justiça, nomeadamente nos serviços prisionais, está a correr muito bem. Neste momento já há cerca 8.800 vacinas aplicadas, o que significa que, ao nível do continente, os guardas prisionais estão todos vacinados, há 4.000 pessoas que fizeram já uma segunda dose”, afirmou nesse dia Francisca van Dunem, aos jornalistas.
O comunicado, assinado pelo presidente do SNCGP, Carlos Sousa, refere, contudo, outros números.
“Ao contrário das recentes declarações prestadas pela Sr.ª. ministra da Justiça, que afirmou à comunicação social que, ‘ao nível do continente, os guardas prisionais estão todos vacinados’, e que ‘há 4.000 pessoas que fizeram já uma segunda dose’, o SNCGP vem assim reagir a tal informação erradamente divulgada pela Sr.ª ministra e que pode até colocar em causa a celeridade necessária ao processo de vacinação dos Guardas prisionais”, alerta o dirigente sindical.
Para Carlos Sousa, o “processo de vacinação [dos guardas prisionais] não está a correr bem, ao contrário do que afirmou” a ministra da Justiça, “e pode pôr em causa a segurança nos Estabelecimentos Prisionais [EP]”.
“De acordo com os dados recolhidos por este sindicato, do universo dos Guardas já vacinados (90%), só metade recebeu a segunda dose da vacina. Faltam os outros 45% a quem, até ao momento, apenas foi administrada a primeira dose. Quer isto dizer que, de norte a sul de Portugal, espalhados pelos mais diversos Estabelecimentos Prisionais, a maioria dos Guardas prisionais ainda não está devidamente protegida contra a covid-19”, denuncia o sindicalista.
O SNCGP “lamenta as informações erradas veiculadas pelo Ministério da Justiça e alerta para o risco do atraso na vacinação dos Guardas” prisionais.
“Os estabelecimentos prisionais são, como é sabido, meios muito problemáticos, sendo o número de guardas prisionais, já por si, insuficiente em relação ao número de reclusos. Se a maior parte dos guardas ainda não está vacinada com as duas doses, correndo assim o risco de contrair a doença, a segurança nos EP pode, de um dia para o outro, colapsar”, sublinha este sindicato.
O Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP) diz também que fará chegar, ainda hoje, ao Ministério da Justiça “os resultados da vacinação do Corpo dos Guardas” prisionais.
O SNCGP anuncia ainda no comunicado que vai solicitar, “com caráter de urgência, uma audiência” à ministra da Justiça, Francisca van Dunen, “com o fim de a alertar para os elevados riscos do atraso no processo de vacinação nos Estabelecimentos Prisionais de Portugal Continental”.
LUSA/HN
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