Amadora-Sintra contratualiza 480 cirurgias com hospital privado para recuperar listas de espera

10 de Abril 2021

O Hospital Fernando da Fonseca (HFF), no distrito de Lisboa, contratualizou com uma unidade de saúde privada a realização de 480 cirurgias de doentes que necessitam de internamento e estão em lista de espera há mais de um ano.

Em setembro de 2020, o HFF (Amadora-Sintra) já tinha contratualizado 625 cirurgias de ambulatório com a “Trofa Saúde”, tendo sido realizadas 507 em três meses, disse Alexandra Ferreira, vogal do conselho de administração do HFF, em entrevista à agência Lusa.

“Atualmente, e depois do engrossar da lista de espera, por via de dar resposta à pandemia de covid, fizemos um novo procedimento desta vez para operar doentes que necessitam de internamento e que estão em lista de espera há mais de 12 meses”, adiantou.

Segundo a vogal, são 480 cirurgias das especialidades de Cirurgia Geral, Plástica e Maxilo-Facial que o hospital pretende realizar em quatro meses, a uma média de oito por dia, num investimento que ronda os 500 mil euros.

Foram consultadas outras duas entidades, mas à semelhança do que aconteceu no primeiro protocolo, só a Trofa Saúde respondeu, mas Alexandra Ferreira está convicta de “vai correr bem”, porque já tem a experiência anterior com esta entidade e “correu muito bem”.

“As equipas conseguiram trabalhar em conjunto e fizemos um bom trabalho com os nossos cirurgiões e os nossos anestesistas”, disse a responsável, adiantando que as cirurgias devem arrancar no final deste mês ou no início de maio.

Os médicos que vão operar são do HFF e os enfermeiros e anestesiologistas são do Hospital Trofa Saúde da Amadora, sendo o pré e o pós-operatório garantido pelo Amadora-Sintra.

Após a terceira vaga da pandemia, em que o hospital em janeiro e fevereiro chegou a ter taxas de esforço covid-19 de mais de 60% da sua capacidade, o hospital começou a “retomar com muito, muito empenho” a atividade e está a fazer cerca de 60 cirurgias por dia.

“Em 2020, remodelámos e reequipámos o bloco e neste momento conseguimos pôr sete salas a funcionar em dois tempos operatórios, de manhã e de tarde, e estamos a operar com muita atividade diária a tentar recuperar estas listas de espera”, disse.

Antes da pandemia, realizavam-se cerca de 100 cirurgias por dia porque havia mais salas. “Embora a pressão da covid tenha decrescido, ainda só há 15 dias é que conseguimos ver os cuidados intensivos a decrescer um bocadinho e, neste momento, ainda temos sete doentes em cuidados intensivos”.

Além disso, é preciso garantir as 10 camas do plano de contingência durante a epidemia e é necessário ter enfermeiros para garantir esta dotação.

Segundo Alexandra Ferreira o Amadora-Sintra foi “o hospital da região de Lisboa que atingiu o maior número de doentes internados”, totalizando 3.120 doentes, 301 em cuidados intensivos.

“O dia em que tivemos mais doentes internados foi em janeiro {de 2021], 385 doentes, que ocuparam 11 enfermarias”, recordou, sublinhando que ainda assim conseguiram organizar-se e “reinventar todo hospital para garantir a resposta a estes doentes”.

Durante este período, foram feitos mais de 82.000 testes à covid-19, com uma positividade de 8,6%, realizados 144 partos de grávidas covid e três recém-nascidos positivos.

Em paralelo assegurou-se a resposta aos doentes que “pela prioridade, gravidade e pela severidade da doença tinham que ser tratados como os oncológicos e outras patologias crónicas”.

No passado dia 26 de janeiro, no pico da terceira vaga, aconteceu uma situação que “não era expetável”, a rede de oxigénio do hospital entrou em sobrecarga, mas, afirmou, conseguiu-se “gerir a crise” com a ajuda de outras instituições e “não pôr nunca em causa a saúde do doente”.

“A verdade é que também foi o preço que pagámos por estar a tratar muitos doentes com ventilação não invasiva em enfermaria para garantir que não havia mais doentes a irem os cuidados intensivos”, salientou.

Entretanto, disse, “já instalamos depósitos, já temos planos de contingência mais cimentados e conseguimos certamente dar uma resposta mais estruturada a todos os doentes que precisem de cuidados intermédios e dependem deste tipo de ventilação”.

Questionada sobre as medidas de desconfinamento serem avaliadas quinzenalmente pelo Governo, considerou ser positivo para “não chegar a uma vaga como a de janeiro” e “em paralelo também dar uma resposta à economia”.

NR/HN/LUSA

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