Restrições na Alemanha aumentam clima de tensão entre manifestantes e polícia

21 de Abril 2021

Incidentes ocorreram esta quarta-feira em Berlim entre a polícia e milhares de manifestantes contra a aprovação prevista de uma lei reforçando os poderes da chanceler Angela Merkel para endurecer a luta contra a terceira vaga de Covid-19 na Alemanha.

A polícia utilizou gás lacrimogéneo para dispersar os cerca de oito mil manifestantes que recusavam abandonar o local, segundo uma jornalista da agência France Presse.

As forças de segurança deram conta de sete detenções e de vários lançamentos de projeteis contra os seus agentes.

A dispersão foi ordenada porque os manifestantes não usavam máscara e não respeitavam o distanciamento social, mas a maioria manteve-se no local, gritando “Nós somos o povo”, “o confinamento já chega” e “defendamos as nossas liberdades”, segundo a jornalista da AFP.

Ao mesmo tempo, os deputados estavam a votar uma reforma da lei sobre a proteção contra as contaminações. Ela deve ser aprovada dado que a coligação entre os conservadores e os sociais-democratas dispõe de uma maioria na câmara baixa do parlamento.

Para o governo, é fundamental assumir o controlo da gestão da pandemia, que já causou mais de 80 mil mortos. Apesar de a campanha de vacinação ter acelerado, a terceira vaga de infeções ainda não atingiu o pico, segundo os virologistas.

“Vacinar e testar não é suficiente” para “quebrar esta terceira vaga”, disse o ministro da Saúde, Jens Spahn, perante a assembleia, qualificando a situação, marcada por um novo afluxo de doentes covid aos hospitais, de “muito séria”.

Para entrar em vigor, a lei deve ser aprovada na quinta-feira pelo Bundesrat (Conselho Federal).

O seu objetivo é aumentar as competências do poder central ao nível da saúde e da educação, normalmente prerrogativas das regiões.

Permite impor um bloqueio severo da vida pública, previsto inicialmente até 30 de junho, sempre que a taxa de incidência, que mede as infeções numa semana, seja superior a 100 durante três dias.

O desencadear automático deste “travão de emergência” deve acabar com as tensões com as regiões, algumas das quais ignoraram as medidas restritivas aprovadas com o seu aval.

A abordagem não é óbvia numa Alemanha muito apegada ao seu sistema federalista instaurado por iniciativa dos aliados após o fim do regime autoritário nazi, muito centralizado.

Face às críticas, o governo flexibilizou o plano inicial, mas não abandonou a ideia de um recolher obrigatório geral.

A diversidade de regras entre uma região e outra alimentou uma confusão e uma frustração crescentes no seio da população.

Nas últimas 24 horas o número de infeções foi de quase 23 mil e a taxa de incidência diminuiu ligeiramente para 160,1 em média.

A pandemia de Covid-19, transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019 na China, provocou pelo menos 3.046.134 mortos no mundo, resultantes de mais de 142,8 milhões de casos de infeção, segundo um balanço da agência France Presse.

LUSA/HN

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