ProToiro acusa Governo de discriminação e pede retoma urgente da tauromaquia

22 de Abril 2021

A Federação Portuguesa de Tauromaquia (ProToiro) acusou esta quinta-feira o Governo de discriminar o setor e pediu a reabertura urgente da atividade tauromáquica, o mais tardar, em 03 de maio, data da última fase do processo de desconfinamento.

“Aquilo que nós pretendemos é, com a maior urgência, a retoma da atividade cultural tauromáquica e a abertura urgente no máximo no dia 03 de maio, na nova fase do desconfinamento”, disse o secretário-geral da ProToiro, Hélder Milheiro, junto ao Campo Pequeno, em Lisboa.

O dirigente falava aos jornalistas durante um protesto contra a não permissão pelo Governo do retomar das touradas, na atual fase de desconfinamento, que juntou cerca de uma centena de pessoas, cumprindo todas regras sanitárias definidas pelas Direção-Geral da Saúde (DGS).

“O setor da tauromaquia voltou a ficar excluído do desconfinamento e desta fase de abertura dos espetáculos culturais, e, por isso, não podemos admitir de maneira nenhuma que este setor volte a ser tratado de uma forma discriminatória, porque não há nenhuma razão que fundamente a não abertura dos espetáculos tauromáquicos como outros espetáculos”, salientou Hélder Milheiro.

De acordo com o secretário-geral da ProToiro, o setor tauromáquico está a passar por grandes dificuldades, tendo registado uma perda de 70% da sua atividade.

“[A tauromáquia] tem milhares de famílias ligadas que estão em graves dificuldades e, perante esta situação, a decisão do Governo foi manter confinado um setor sem qualquer racional, sem qualquer lógica”, indicou, ressalvando que tem havido um “tratamento desigual” em relação às outras atividades.

Apontando a “um bloqueio” por parte do Governo, Hélder Milheiro referiu que “é um problema grave” e que “não foi dada nenhuma justificação” para que o setor tauromáquico não tenha reaberto junto com as outras atividades culturais.

“Nos últimos meses houve um retomar de contactos com o Governo, coisa que não acontecia desde que esta ministra está em funções. Isso foi para nós um sinal positivo. No entanto, hoje sai o estatuto do trabalhador da cultura, no qual estamos envolvidos, houve alguns apoios sobretudo aos artistas que estiveram envolvidos”, disse.

Presente no protesto, o cavaleiro tauromáquico Luís Rouxinol adiantou que as coisas começam a ficar muito complicadas para todos os que estão ligados à atividade.

“No meu caso, tenho três ou quatro empregados a trabalhar comigo, tenho dois bandarilheiros, tenho choferes, tenho cavalos… São várias famílias a dependerem desta atividade. Eu tenho 24 cavalos em casa e tenho uma despesa mensal a rondar entre os sete mil e os dez mil euros todos os anos”, explicou.

Segundo Luís Rouxinol, em 2020, realizou oito espetáculos, muito menos do que os 40 que costuma fazer anualmente, revelando que não tem sido possível cobrir todos os gastos.

“Até ao momento, ainda não dispensei ninguém, tenho conseguido com muitas dificuldades manter todo o pessoal que trabalha comigo, […] se as coisas continuarem assim e não abrirem, as coisas começam a estar muito complicadas”, vincou.

A também cavaleira tauromáquica Sónia Matias revelou que tem sentido “um abandono total”, considerando não ser admissível abrirem todas as atividades culturais, exceto a tauromaquia.

“Tenho sentido uma grande revolta, uma grande tristeza, porque é impensável. Estamos aqui perante uma praça de touros e é impensável não haver corridas de touros, nós queremos trabalhar, precisamos de dinheiro, não só para manter a alimentação dos nossos cavalos e todos os cuidados para o bem-estar animal, como também eu quero trabalhar para dar de comer à minha filha”, alertou.

Sónia Matias apontou ainda para “muita discriminação”, salientando que o setor teve “um comportamento exemplar no ano passado”.

“Não consigo compreender, não consigo encontrar uma razão racional para que não seja aberta a tauromaquia, para nós não podermos trabalhar. Há muitas famílias envolvidas e se não podermos realizar o nosso trabalho como vamos conseguir sobreviver? Já não é viver, é sobreviver. Só peço que nos deixem voltar a trabalhar”, frisou.

LUSA/HN

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