Ministério diz que vacinação no ensino superior é definida pela DGS e ´task force`

23 de Abril 2021

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior disse esta sexta-feira que os critérios da vacinação contra a Covid-19 são determinados pela Direção-Geral da Saúde (DGS) e pela "task force" que coordena o processo de administração das vacinas.

“Os critérios de vacinação são definidos pela DGS e pela ´task force`”, reagiu hoje o ministério da tutela, quando questionado sobre a posição tomada pelo Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), que considera uma “inexplicável discriminação” a ausência dos funcionários do ensino superior dos grupos prioritários da vacinação e pede que a situação seja corrigida.

Em comunicado hoje divulgado, o CRUP informa continuar “a mobilizar esforços para sensibilizar os responsáveis técnicos e políticos da campanha nacional de vacinação para a necessidade de corrigir esta inexplicável discriminação dos docentes e não docentes do ensino superior em relação aos restantes profissionais de ensino do país”.

Na mesma nota, o organismo de coordenação do ensino universitário em Portugal salientou não existir motivo científico para a decisão, argumentou que o risco de contágio pelo novo coronavírus é semelhante em qualquer sala de aula e referiu ter sido no ensino superior que foram identificados os primeiros casos em Portugal em unidades de ensino.

“Não há razão científica que justifique a opção de priorizar a vacinação de profissionais de apenas alguns níveis de ensino. O risco de transmissão do SARS-CoV-2 é semelhante em qualquer sala de aula ou qualquer estabelecimento de ensino, sabendo que foi precisamente ao nível do ensino superior que se detetaram, em Portugal, os primeiros casos de covid-19 em contexto escolar”, é enfatizado no documento.

O CRUP afirmou estar há várias semanas a realizar “esforços no sentido de compreender”, junto do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e da ´task force` para a vacinação, “as razões da exclusão dos profissionais do ensino superior”, tendo em conta a prioridade dada aos restantes níveis de ensino.

A entidade aludiu, no mesmo documento hoje divulgado, à norma da DGS sobre o processo de vacinação onde são mencionados os “profissionais de estabelecimento de educação e ensino e respostas sociais de apoio à infância” como um dos grupos prioritários.

“Por definição, deverão estar incluídos neste grupo os docentes e não docentes do ensino superior que, além de serem parte integrante do sistema de ensino nacional, estão envolvidos no esforço de resiliência do Estado na mesma medida que os profissionais do ensino básico e do ensino secundário”, alegou o CRUP.

Em 23 de março, o ministro da tutela, Manuel Heitor, disse não conseguir “apoiar qualquer iniciativa de âmbito corporativo nessa área”.

“O ensino superior é particularmente específico, o número de horas de contacto é particularmente reduzido e há muitas outras profissões que são tão aptas a ser vacinadas como o ensino superior. Devemos seguir o plano como está, com firmeza e segurança e garantir que atingimos rapidamente a imunidade de toda a população, e apelo aos docentes do ensino superior que sejam solidários com toda a população”, frisou na ocasião.

Um dia depois a presidente do Sindicato Nacional do Ensino Superior, Mariana Gaio Alves, criticou esta exclusão, lembrando que os docentes são um grupo profissional um pouco envelhecido e os seus alunos pertencem ao grupo etário com maior incidência de casos.

Para Mariana Gaio Alves, a exclusão do ensino superior “é incompreensível”, assim como as declarações do ministro, defendendo “a importância de valorizar o ensino presencial” e lembrando que no ensino superior há aulas práticas, há turmas de grandes dimensões e há manipulação de instrumentos nas aulas de laboratório.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Internamento do Hospital de Amarante terá 150 novas camas

O internamento do Hospital de São Gonçalo, em Amarante, vai ter mais 150 camas, alargamento incluído numa obra que deverá começar no próximo ano e custará 14 milhões de euros, descreveu hoje fonte da ULS Tâmega e Sousa.

Combinação de fármacos mostra potencial para melhorar tratamento do cancro colorretal

Estudo pré-clínico liderado pela Universidade de Barcelona descobriu um mecanismo metabólico que explica a resistência das células de cancro colorretal ao fármaco palbociclib. A investigação demonstra que a combinação deste medicamento com a telaglenastat bloqueia essa adaptação das células, resultando num efeito sinérgico que reduz significativamente a proliferação tumoral, abrindo caminho para futuros ensaios clínicos

XIV Congresso da FNAM debate futuro do SNS em momento decisivo

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) vai realizar nos dias 15 e 16 de novembro de 2025, em Viana do Castelo, o seu XIV Congresso, sob o tema “Que Futuro Queremos para o SNS?”. Este encontro, que terá lugar no Hotel Axis, surge num contexto de grande incerteza para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e reunirá mais de uma centena de delegados de todo o país.

Motards apoiam prevenção do cancro da próstata no “Novembro Azul”

No âmbito do “Novembro Azul”, mês dedicado à sensibilização para o cancro no homem, o Núcleo Regional do Sul da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC-NRS) organiza a iniciativa “MEN – Motards Embrace November”, um passeio solidário de motociclistas que combina a paixão pelas duas rodas com a promoção da saúde masculina.

Hospital de Vila Real investe 13 milhões na ampliação da urgência

A Unidade Local de Saúde de Trás-os-Montes e Alto Douro (ULSTMAD) anunciou um investimento de 13 milhões de euros para a ampliação do serviço de urgência do Hospital de Vila Real. O valor, financiado a 50% pelo programa Norte 2030, destina-se a melhorar as condições de trabalho dos profissionais e o atendimento aos utentes.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights