Criadores da Sputnik V apontam “fundo político” na rejeição da vacina no Brasil

27 de Abril 2021

Os criadores da vacina Sputnik V apontaram esta terça-feira um "pano de fundo político" na decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão regulador do Brasil, que proibiu a importação da vacina contra Covid-19 desenvolvida na Rússia.

“Os atrasos da Anvisa na aprovação da Sputnik V têm, infelizmente, antecedentes políticos e não têm nada a ver com acesso à informação ou ciência”, disseram os criadores da vacina Sputnik V numa publicação na rede social Twitter.

Os investigadores do imunizante lembram que, no relatório anual do Departamento de Saúde dos Estados Unidos da América, um alto funcionário admitiu que “convenceu o Brasil a desistir da vacina russa contra a Covid-19”.

A Anvisa brasileira indeferiu a importação emergencial de doses da Sputnik V na segunda-feira, considerando que o pedido de uso de emergência do imunizante carece da documentação exigida de outros fabricantes.

O Presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, indicou que a fabricante russa não entregou o “laudo técnico completo” do imunizante e informou que funcionários da agência regulatória foram impedidos de fazer uma visita técnica às instalações do Instituto Gamaleya, na Rússia.

No Brasil, que já vacinou 29 milhões de pessoas com pelo menos a primeira dose, a vacina Coronavac, do laboratório chinês Sinovac, é aplicada em caráter emergencial, assim como o imunizante desenvolvido pela AstraZeneca e a Universidade de Oxford.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, garantiu hoje que “se não houver dados suficientes, eles serão fornecidos, não há dúvida”.

Peskov também ressaltou considerar que já há informações suficientes sobre a eficácia da Sputnik V, que é de 97,6%, segundo dados recolhidos pelos investigadores com base na taxa de infeção registada em quem foi vacinado na Rússia com ambos os componentes entre 05 de dezembro de 2020 e 31 de março de 2021.

“A experiência já é muito extensa. Muitos dados foram coletados, indicando que é a vacina mais eficaz do mundo e a mais confiável”, disse Peskov.

Em janeiro, o presidente do Fundo Russo de Investimento Direto (FIDR) anunciou que forneceria 150 milhões de doses da Sputnik V ao Brasil em 2021.

O acordo foi firmado em Moscovo entre o FIDR e o presidente da farmacêutica brasileira União Química, Fernando de Castro Marques, que então propôs pedir autorização para o “uso urgente” da vacina russa entre a população brasileira.

Na semana passada, a Argentina tornou-se o primeiro país da América Latina a produzir a Sputnik V através do Laboratório Richmond, que espera produzir 500 milhões de doses em 2022 para exportação aos países da região.

O Brasil enfrenta atualmente a pior fase da pandemia, com 391.936 óbitos e 14.369.423 infeções.

A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 3.122.150 mortos no mundo, resultantes de mais de 147,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Promessas por cumprir: continua a falta serviços de reumatologia no SNS

“É urgente que sejam cumpridas as promessas já feitas de criar Serviços de Reumatologia em todos os hospitais do Serviço Nacional de Saúde” e “concretizar a implementação da Rede de Reumatologia no seu todo”. O alerta foi dado pela presidente da Associação Nacional de Artrite Reumatoide (A.N.D.A.R.) Arsisete Saraiva, na sessão de abertura das XXV Jornadas Científicas da ANDAR que decorreram recentemente em Lisboa.

Consignação do IRS a favor da LPCC tem impacto significativo na luta contra o cancro

A Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) está a reforçar o apelo à consignação de 1% do IRS, através da campanha “A brincar, a brincar, pode ajudar a sério”, protagonizada pelo humorista e embaixador da instituição, Ricardo Araújo Pereira. Em 2024, o valor total consignado pelos contribuintes teve um impacto significativo no apoio prestado a doentes oncológicos e na luta contra o cancro em diversas áreas, representando cerca de 20% do orçamento da LPCC.

IQVIA e EMA unem forças para combater escassez de medicamentos na Europa

A IQVIA, um dos principais fornecedores globais de serviços de investigação clínica e inteligência em saúde, anunciou a assinatura de um contrato com a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) para fornecer acesso às suas bases de dados proprietárias de consumo de medicamentos. 

SMZS assina acordo com SCML que prevê aumentos de 7,5%

O Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) assinou um acordo de empresa com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) que aplica um aumento salarial de 7,5% para os médicos e aprofunda a equiparação com a carreira médica no SNS.

“O que está a destruir as equipas não aparece nos relatórios (mas devia)”

André Marques
Estudante do 2º ano do Curso de Especialização em Administração Hospitalar da ENSP NOVA; Vogal do Empreendedorismo e Parcerias da Associação de Estudantes da ENSP NOVA (AEENSP-NOVA); Mestre em Enfermagem Médico-cirúrgica; Enfermeiro especialista em Enfermagem Perioperatória na ULSEDV.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights