O especialista em saúde pública e epidemiologista do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto revelou estes dados na reunião de peritos que decorre no Infarmed, em Lisboa, sobre a situação epidemiológica do país.
Henrique Barros, que falou sobre a vacinação, as variantes genéticas do vírus e a mortalidade, adiantou que a redução da probabilidade de morrer por Covid-19 se explica com a testagem, que é agora muito maior, “quando no início apenas se identificavam os casos mais graves”, mas também com os efeitos da aprendizagem na capacidade de resposta à doença.
Contudo, há outros fatores que ainda não se conseguem controlar e, por isso, a letalidade subiu em janeiro e fevereiro, disse.
Tomando como ponto o mês de abril, adiantou ainda que a probabilidade de a infeção ter um desfecho fatal, nas condições atuais, é cerca de cinco vezes mais baixo do que no inicio da pandemia e globalmente metade do risco do que foi ao longo do ano.
O especialista apresentou dados referentes a uma amostra de 200 mil voluntários, sublinhando que das respostas obtidas se conclui que 90% das pessoas querem ser vacinadas e que a percentagem maior se centra na faixa etária dos mais velhos (mais de 79 anos) e a mais baixa no intervalo dos 40-49 anos de idade.
Disse ainda que as pessoas com mais rendimentos e maior educação formal “tendem a ser as que mais pretendem ser vacinadas” e que as que têm menores rendimentos parecem menos interessadas no processo de vacinação.
“É preciso ganhar estas pessoas para a vacinação e contrariar a relutância em relação à vacina”, afirmou.
Henrique Barros sublinhou o “extraordinário ganho em sobrevida” que a vacina trouxe, sobretudo nos mais velhos e mais frágeis em termos de saúde.
Ainda sobre a probabilidade de morrer com a infeção, disse que é maior nos homens e que tem uma “variabilidade regional”.
Como exemplo, disse que quem se infeta na região da Madeira tem risco menor de letalidade: “Era importante estudar o porquê de tudo isto”.
Disse ainda que o risco de morrer está igualmente associado às diferentes variantes do vírus, que ser infetado com a variante que teve origem no Reino Unido aumenta risco de morrer com Covid-19, tal como com a variante sul africana.
Sobre a variante brasileira associada a Manaus, disse que ainda não foi associada a casos de morte em Portugal.
A este respeito, o epidemiologista sublinhou “a necessidade de vigilância epidemiológica muito organizada e muito capaz” de cruzar as pessoas que se infetam, as características do agente (vírus) e contexto em que ocorre a infeção.
Mesmo com as variantes mais letais e potencialmente mais transmissíveis, como a presença massiva da variante do Reino Unido, “é possível com medidas de proteção e vacinação garantir que, em setembro, se tudo correr normalmente, esperamos não ter casos [de morte]”.
LUSA/HN
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