Num relatório, o Painel Independente que hoje apresentou resultados considera que a Organização Mundial de Saúde demorou demasiado tempo a soar o alerta e que teria sido possível evitar a catástrofe classificada como “Chernobyl do século XXI”, que já custou a vida a pelo menos 3,3 milhões de pessoas e provocou uma crise económica mundial.
“É claro que a combinação de más escolhas estratégicas, falta de vontade de atacar as desigualdades e um sistema mal coordenado criaram um ‘cocktail’ tóxico que permitiu à pandemia transformar-se numa crise humana catastrófica”, revela o relatório.
“Muito tempo se passou” entre a notificação de um foco epidémico na China, na segunda quinzena de dezembro de 2019 e a declaração, a 30 de janeiro pela OMS, de uma emergência de saúde pública de âmbito internacional, segundo os peritos. Isto enquanto a China foi acusada de camuflar a epidemia.
O grupo de especialistas recomenda o lançamento de um novo sistema mundial de vigilância, baseado numa “transparência total”.
“Propomos que a OMS passe a publicar em tempo real todas as informações de que dispõe sem a permissão dos governos”, explicou Michel Kazatchkine, membro do Painel Independente.
“É preciso também que os 194 estados-membros da ONU permitam à OMS desenvolver uma investigação num país onde exista um foco infeccioso”, explicou.
Agora que os progressos da vacinação permitem vislumbrar um progressivo regresso à normalidade na América e na Europa, a Índia reportou 4.200 mortes em 24 horas, 250.000 no total, e luta com uma variante que se estendeu a pelo menos 44 países.
Com a vacinação bastante avançada nos países desenvolvidos, exige-se no relatório que os países ricos forneçam mil milhões de doses de vacinas até setembro, e outras tantas até meados de 2022, a 92 países de fracos rendimentos, beneficiários do sistema de distribuição Covax.
LUSA/HN
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