Mortos em Timor-Leste sobem para 10 após morte de cidadão chinês

16 de Maio 2021

Um cidadão chinês morreu hoje no centro de isolamento de Vera Cruz, em Díli, infetado com SARS-CoV-2, elevando para dez o número de mortos em Timor-Leste desde o início da pandemia, anunciaram as autoridades timorenses.

Também hoje as autoridades anunciaram que nas últimas 24 horas se registaram 179 infeções, 156 casos em Díli, oito em Baucau, seis em Viqueque, quatro cada em Covalima e Manatuto e um em Bobonaro, sendo que 12,2% dos casos tinham sintomas de covid-19.

Registaram-se ainda 65 casos recuperados, com o número de casos ativos a subir para 2.116 e o total acumulado desde o início da pandemia a subir para 4.458.

Rui Araújo, um dos coordenadores do Centro Integrado de Gestão de Crise (CIGC), explicou que a vítima mortal de hoje, o primeiro cidadão estrangeiro a morrer de covid-19 no território timorense, é um homem, de 58 anos se apresentou no Hospital Nacional Guido Valadares (HNGV) no dia 11 de maio, onde lhe foi diagnosticado síndrome de insuficiência respiratória aguda.

“Desde 11 de maio esteve a receber tratamento em Vera Cruz, com ventilação assistida e a receber tratamento da infeção respiratória, tendo hoje morrido. A família e a embaixada da China estão a coordenar o processo de cremação”, referiu.

O responsável do CIGC informou ainda dos detalhes de uma outra morte, registada no sábado, um homem de 56 anos, que faleceu no local de trabalho.

“Os colegas informaram equipas de saúde e com autorização da família foi feito um teste ‘post mortem’ que confirmou que estava infetado com SARS-CoV-2. A família decidiu levar o corpo para Lospalos, seguindo-se os procedimentos de saúde no que toca ao funeral”, disse.

Timor-Leste registou a primeira morte de uma pessoa infetada com covid-19 em 06 de abril deste ano, tendo registado sete mortes desde o início do mês de maio, confirmando que o país está a viver o pior momento da pandemia.

Três das mortes registaram-se fora de qualquer unidade hospitalar.

“Tanto as mortes fora das unidades hospitalares como o aumento de número de mortes nas últimas semanas confirmam que do ponto de vista do progresso do surto, a situação está a caminhar cada vez mais para pior”, disse Araújo.

Cenários preparados com base em modelagem epidemiológica e divulgados por responsáveis timorenses indicam que, se a situação se mantiver, o país poderá chegar a ter até 500 pessoas hospitalizadas, com o número de óbitos a multiplicar-se por cinco.

Questionado sobre essas perspetivas, Rui Araújo disse que são cenários que recorrem a fórmulas matemáticas com base na prevalência da doença e que consideram “fatores como o cumprimento do confinamento, das cercas sanitárias e do número de casos relatados diariamente”.

“Os factos, os dados diários, apontam para a possibilidade de essa estimativa poder vir a ser realidade. Já no ano passado a Sala de Situação do CIGC apresentou diferentes cenários, com base nas taxas de ‘ataque’ do vírus de 1, 5, 10 e 30%”, recordou.

“Neste momento estamos entre 5 e 10% de taxa de ataque”, explicou.

Rui Araújo disse que tudo vai depender também de como as pessoas “reagem aos sintomas”, notando que há “cada vez mais pessoas com sintomas e que não se apresentam nas unidades hospitalares”.

“Mas a taxa de incidência e a estimativa de taxa de prevalência confirmam esses padrões. A mortalidade durante o surto vai continuar a aumentar porque há muita infeção na comunidade, especialmente por um aumento grande, em resultado da transmissão comunitária a partir das inundações de 04 de abril”, afirmou.

A taxa de incidência é atualmente de 13,3 por 100 mil habitantes fora de Díli e de 41,9 por 100 mil habitantes (novos máximos) na capital, com os positivos relatados hoje em Díli a corresponderam a 20% dos 781 testes realizados, e os fora da cidade a corresponderem a 6,3 dos testes realizados.

Um dos locais com surtos é a cadeia de Suai, explicou Rui Araújo, onde estão infetados 26,2% dos 103 reclusos e 28 guardas, estando agora a ser feito o isolamento dos infetados dentro do complexo prisional.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.359.726 mortos no mundo, resultantes de mais de 161,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

LUSA/HN

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