05/11/2022
O aumento de casos parece ter desacelerado, já que de 31 de outubro a 03 de novembro, as infeções passaram de 130 para 131.
Contudo, o número de óbitos está a crescer a um ritmo mais acelerado, pois no mesmo período passou de 43 para 49.
O Ministério da Saúde anunciou esta semana que está a preparar o teste de três vacinas desenvolvidas para combater a variante invulgar do Sudão, que está a causar o atual surto no Uganda e para a qual não há vacina aprovada.
As autoridades vão avaliar a eficácia desses três medicamentos fornecidos pela Universidade de Oxford (Reino Unido) e pelos norte-americanos do Sabin Vaccine Institute e da farmacêutica Merck.
A epidemia continua em curso apesar das medidas tomadas pelo Presidente ugandês, Yoweri Museveni, que em 15 de outubro anunciou o confinamento dos distritos centrais de Mubende e Kasanda, epicentros do surto, além de outras restrições, que incluem recolher obrigatório noturno.
Musevini ordenou também o encerramento de locais de diversão e de culto, embora as escolas continuem abertas “com medidas rigorosas de funcionamento”, e ordenou que os enterros deverão ser “realizados por trabalhadores do setor da saúde”.
O Uganda declarou o surto depois de confirmar um caso em Mubende, onde um homem de 24 anos morreu da doença causada por este vírus, especificamente a variante sudanesa.
Ao contrário da variante do Zaire, registada em epidemias na vizinha República Democrática do Congo (RDCongo), ainda não há vacina aprovada para aquele tipo.
A variante do Sudão não é apenas menos transmissível, mas também apresenta menor mortalidade do que a do Zaire.
Países como RDCongo, Quénia, Tanzânia, Ruanda e Somália estão em alerta para evitar uma possível propagação do vírus.
Descoberto em 1976 na RDCongo – país então chamado Zaire – o Ébola é uma doença grave, muitas vezes fatal, que afeta humanos e outros primatas e se espalha pelo contacto direto com o sangue e fluidos corporais de pessoas ou animais infetados.
Provoca hemorragias intensas e os primeiros sintomas são febre alta e repentina, fraqueza severa e dores musculares, de cabeça e de garganta, além de vómitos.
O vírus devastou vários países da África Ocidental de 2014 a 2016, quando 11.300 pessoas morreram em mais de 28.500 casos.
NR/HN/LUSA
31/07/2022
Contactada pela agência Lusa, Maria João Tiago, secretária regional do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) indicou que “as escalas dos médicos [daquelas especialidades] são insuficientes [no HGO], e não estão reunidas as condições para receber os doentes”.
“Os médicos estão lá, mas só para tratar as urgências internas. O INEM está avisado”, acrescentou a dirigente sindical, indicando que no caso de um acidente, as ambulâncias que transportem os doentes com necessidade de tratamento de ortopedia, por exemplo, terão de se deslocar a outro hospital mais próximo.
De acordo com Maria João Tiago, esta situação “está a acontecer em vários pontos do país porque não tem havido capacidade de fixar os médicos”.
“A maior parte deles já fez até mais do que as 150 horas extra a que estão obrigados, porque o contexto vem do tempo da pandemia, e os médicos não podem trabalhar constantemente em exaustão”, apontou.
A dirigente sindical comentou ainda que o SIM tem vindo a reiterar que “todos os estudos sobre a matéria alertam que os médicos a trabalhar em estado de exaustão correm mais riscos de cometer erros”a tratar os doentes.
A Lusa tentou contactar a administração do hospital mas não foi possível até ao momento.
LUSA/HN
18/05/2022
“Não tenho dúvida nenhuma da necessidade de generalizar o acesso aos testes para que os serviços de urgência, que são neste momento o ponto mais fulcral desta pressão, possam ser aliviados”, disse Nelson Pereira.
O médico, que falava aos jornalistas em frente ao serviço de urgência deste hospital do Porto onde foram admitidos quase 950 doentes na terça-feira, 50% dos quais positivos para o vírus SARS-CoV-2, recomendou às autoridades nacionais de saúde “uma análise muito detalhada e refletida sobre o que está a acontecer”.
“Enterrar a cabeça na areia não faz sentido”, referiu.
No Hospital de São João estão internados cerca de 80 doentes com covid-19, dos quais 10 em cuidados intensivos.
Nelson Pereira apontou que “a situação epidemiológica não é mais difícil”, mas falou em “problema de gestão”, razão pela qual pediu “mais planeamento e mais antecipação”.
“Com isto não quero apontar nenhuma medida específica, mas claramente dizer que, pelo menos na região Norte e no nosso hospital – que costuma ser um farol relativamente à situação nacional -, a situação é de agravamento e justifica a ponderação de algumas medidas”, afirmou.
Num momento em que o Hospital de São João está a equacionar ativar o nível 3 do plano de contingência, decisão que tomará até ao próximo fim de semana e que pode implicar a interrupção de 20% da atividade programada, o diretor admitiu que “neste momento está a ser extremamente difícil garantir em tempo útil o atendimento com qualidade a todos os doentes”.
“É algo que não queremos deixar de fazer”, desabafou, apelando à tomada de medidas generalizadas que permitam atenuar a pressão, que diz saber que “vários hospitais estão a sentir”.
Falando em “máximos históricos” de admissões no serviço de urgência e em “equipas extremamente cansadas”, Nelson Pereira disse que não gosta da expressão “linha da frente”, mas decidiu usá-la hoje porque em causa está “aliviar quem está, de facto, na linha da frente”.
“Gerar equilíbrios ao nível hospitalar é muito difícil numa altura em que a resposta que as pessoas têm para poderem testar e fazerem o seu caminho para gerir a sua própria doença está diferente do que foi no passado”, analisou.
Na semana passada, também em declarações aos jornalistas para dar nota de um recorde de admissões no serviço de urgência, 1.022 doentes em 24 horas, que “já preocupava” o hospital, Nelson Pereira pediu “coerência” nas medidas relacionadas com a covid-19, lembrando que os testes deixaram de ser gratuitos e que o abandono da máscara coincidiu com momentos festivos.
Em 10 de maio, em resposta à pergunta sobre se tinha receio que este cenário piorasse, o especialista foi perentório: “Não tenho dúvida nenhuma que pode acontecer”.
segundo dados divulgados na terça-feira pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), a linhagem BA.5 da variante Ómicron tem apresentado uma frequência relativa “marcadamente crescente”, estimando-se que já seja dominante em Portugal.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) já admitiu que essa linhagem, que apresenta várias características genéticas consideradas de interesse pelos especialistas, caso de mutações com impacto na entrada do coronavírus nas células, pode ser mais transmissível do que a BA.2, mas ressalvou que ainda não existem dados que comprovem que provoca covid-19 mais grave.
LUSA/HN
18/05/2022
“Estamos a chegar às 08:00 de cada dia sem nenhuma vaga no hospital”, disse Nelson Pereira, que, em declarações aos jornalistas junto ao serviço de urgência deste hospital, explicou estar em causa a ativação do nível 3 do plano de contingência, algo a decidir até ao fim de semana.
“Não podemos chegar ao fim de semana sem tomar essa decisão: ou para um lado ou para o outro. Mas a situação é grave”, referiu.
Ativar o nível 3 do plano de contingência significa dar a possibilidade aos serviços para interromperem a atividade programada – consultas e cirurgias – até 20%.
Nelson Pereira garantiu que essa situação “ainda não aconteceu”, mas, ainda que desejando “muito” que não venha a acontecer, considerou “premente estar preparado”, porque “não se perspetiva que nos próximos dias venha a acontecer um alívio da situação epidemiológica”.
“A situação nos últimos 10 dias agravou-se significativamente. O serviço de urgência tem sido particularmente castigado. Estamos a bater recordes sucessivos. Nos últimos dias tivemos 50% de positividade nos nossos testes”, contou.
O serviço de urgência do Hospital de São João admitiu na segunda-feira 946 doentes e a taxa de positividade ao SARS-CoV-2 foi de 50%.
Atualmente, neste hospital estão internados cerca de 80 doentes com covid-19, 10 dos quais em cuidados intensivos.
O diretor da Unidade Autónoma de Gestão de Urgência e Medicina Intensiva contou que cerca de 200 profissionais deste hospital estão ausentes por estarem infetados.
Questionado sobre como é que o hospital está a gerir a ausência dessas centenas de profissionais, Nelson Pereira deu o seu exemplo pessoal, contando que, em 10 dias, está a cumprir a quinta noite no serviço de urgência, e foi direto ao exigir medidas nacionais.
“É preciso trabalhar mais. Ponto final. Temos de dar a resposta que a comunidade precisa e nos exige. Exigimos também alguma antecipação e algum planeamento que possa aliviar quem está, de facto, na linha da frente”, referiu.
Lembrando que o São João tem sido, na gestão desta pandemia, “uma espécie de farol” do que se vai passando no país, o diretor reiterou que a situação atual é “grave” e disse ter nota de que “os hospitais da região Norte já estão a sofrer esta pressão”.
“Há dois dias, de forma unilateral, o Hospital de Santo António [no Porto] recusou doentes covid porque já não tinha vagas”, contou.
Sobre o perfil dos doentes internados, Nelson Pereira descreveu que a doença está a atingir todas as faixas etárias, depois deste novo pico ter começado há cerca de duas semanas pelos mais jovens.
“Mas está a progredir para as faixas etárias mais idosas”, avisou.
Em enfermaria, disse, os doentes estão a permanecer, em média, sete dias. Já no que se refere a cuidados intensivos, a média é superior e varia conforme a gravidade dos casos.
Na terça-feira, a administração do Centro Hospitalar e Universitário de São João avançou que já tinha aberto uma nova enfermaria para covid-19, um aumento de capacidade que Nelson Pereira disse hoje que pode não ficar por aqui, porque “a todo o momento se têm de tomar decisões novas devido à pressão”.
“Não estamos numa situação epidemiológica mais difícil. Nós temos um problema de gestão e por isso é necessário planeamento e antecipação para não sermos surpreendidos, como estamos um bocadinho outra vez a ser”, concluiu.
LUSA/HN
07/05/2022
“Um dos grandes desafios que identificámos tem a ver com os recursos humanos. A pandemia mostrou-nos os limites e até que ponto foram testados no país. Isto passa-se em todos os níveis do sistema, em todos os setores, nem se limita ao setor da saúde”, afirmou aos jornalistas Stella Chungong, diretora do departamento de Preparação Sanitária daquela agência das Nações Unidas, na sede do Infarmed, em Lisboa.
A responsável da OMS liderou uma equipa que esteve durante a semana a avaliar a preparação do sistema de saúde português para enfrentar situações de emergência como a covid-19 e defendeu que é preciso incentivos para manter os profissionais de saúde no Serviço Nacional de Saúde.
Pela Direção-Geral da Saúde, a diretora do Centro de Emergências em Saúde Pública, Paula Vasconcelos, afirmou que a análise “de olho externo” da OMS ilustrou como “as pessoas se dobraram para fazer o seu trabalho” durante a pandemia e “até que ponto cabe a Portugal repensar como reestruturar os seus serviços de saúde e recursos humanos”:
“A OMS apontou claramente que há que investir nos processos, nas tecnologias que os ajudam a ser mais rápidos e na melhoria da capacitação dos recursos humanos” para agir melhor em casos de futuras emergências, usando “os circuitos que Portugal tão bem improvisa durante as crises” e incorporando-os na forma de trabalhar.
“Estamos a pedir um diálogo interministerial que envolva a Saúde e a Educação para que se diga como melhorar os profissionais, mas também como convencê-los a ficar. Se não virem incentivos claros para que permaneçam, façam o seu trabalho e se sintam felizes, irão para outros sítios”, referiu Stella Chungong.
Stella Chungong disse que durante a pandemia, sobretudo as fases mais agudas, “as pessoas tiveram que fazer o seu trabalho normal, tiveram que fazer tarefas relacionadas com a covid-19, ir para casa e tratar de familiares doentes e voltar aos hospitais para enfrentar pessoas que estavam a morrer, isso foi muito ‘stressante'”.
“É importante incentivar o pessoal de saúde a ficar, mas também aumentar o número de profissionais”, reforçou, começando na formação que recebem nas universidades e outros níveis da educação a equipá-los com meios que os tornem “resilientes ao lidar com assuntos tão sérios como a pandemia, que testou a Humanidade, as famílias e a sociedade”, salientou.
Destacou como pontos fortes do sistema de saúde português “a universalidade” dos cuidados de saúde, que cumprem “políticas e obrigações internacionais” como o regulamento internacional de saúde.
Apontou também a “confiança das comunidades” na vacinação, que afirmou ter sido encorajada por se terem juntado “Governo, especialistas e cientistas para discutir publicamente” o estado da pandemia.
“Os meios de comunicação estavam lá, a fazer as perguntas certas, a pedir contas a todos e isso ajudou a construir confiança e levou as pessoas a irem vacinar-se”, referiu.
Stella Chungong saudou ainda o facto de imigrantes sem documentos e refugiados em Portugal poderem ter tido acesso aos cuidados de saúde de todos os portugueses durante a pandemia.
Observadores de França, São Tomé e Príncipe e Geórgia acompanharam a delegação da OMS que passou esta semana em Portugal e que irá fazer um relatório nacional da revisão da OMS que será apresentado na próxima Assembleia Mundial de Saúde, em Genebra, que se realiza entre 24 e 29 de maio.
LUSA/HN