Microbiologista do INSA João Paulo Gomes contesta valores do Reino Unido

4 de Junho 2021

O microbiologista do INSA João Paulo Gomes disse na quinta-feira à noite que em Portugal foram detetados apenas 12 casos de uma mutação da chamada variante indiana de Covid-19 e não 68 casos, como anunciou o Reino Unido.

O Reino Unido anunciou ontem a saída de Portugal da lista verde de viagens internacionais, justificando a medida com o aumento de infeções de Covid-19 e por terem sido identificados em Portugal 68 casos do que chamou variante nepalesa, “com uma mutação adicional potencialmente prejudicial”, que poderá ser mais transmissível e resistente às vacinas.

Entrevistado na quinta-feira à noite na SIC-Notícias, o microbiologista e cientista do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) estranhou a decisão e o alarme do Reino Unido e disse que a mutação, cujos números anunciados por Londres não correspondem à realidade, naturalmente merece vigilância, mas que os casos em Portugal são poucos, estão concentrados e perfeitamente identificados em pequenas comunidades.

Em causa, explicou, está o que chamou de “sub-linhagem” da variante indiana, que é normal porque as variantes do vírus têm um processo de evolução, e frisou que se trata de uma variante indiana e não de “uma super variante indiana”.

O responsável disse ter sido com estranheza que recebeu a notícia da decisão do Reino Unido, porque a variante indiana em Portugal não atingiu sequer os 5% (está em 4,8%), e dentro desta estão os 12 casos da mutação, tendo no mundo sido reportados apenas 90 casos (da variante indiana com essa mutação).

Portanto, concluiu João Paulo Gomes, está a “fazer-se uma tempestade num copo de água” e o que diz o Reino Unido “não faz sentido”, como não é explicável o impacto económico que resulta de uma decisão assente em 12 casos.

O Governo britânico decidiu que Portugal, incluindo os arquipélagos da Madeira e Açores, vai deixar a “lista verde” de viagens internacionais na terça-feira às 04:00, passando a integrar a “lista amarela”.

Os países na “lista amarela” estão sujeitos a restrições mais apertadas, nomeadamente uma quarentena de 10 dias na chegada ao Reino Unido e dois testes PCR, no segundo e oitavo dia, como já acontece com a maioria dos países europeus, como Espanha, França e Grécia.

Portugal era até agora o único país da União Europeia (UE) na “lista verde”, que isenta os viajantes de quarentena no regresso a território britânico, em vigor desde 17 de maio. A lista de destinos seguros é assim reduzida a 11 países e territórios, mas a maioria é bastante longínqua ou não deixa entrar turistas, como Austrália, Nova Zelândia, Singapura, Brunei e Ilhas Malvinas, restando a Islândia como o destino mais acessível.

Segundo a comunicação social britânica, o Governo britânico não vai adicionar mais nenhum país à “lista verde”, nomeadamente Espanha, que eliminou os requisitos de entrada dos britânicos com esperança de estimular o setor do turismo.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Pedro Von Hafe: “O efeito de tirar as estatinas aos doentes que delas precisam é uma catástrofe”

O alerta é do Professor da Faculdade de Medicina do Porto e Internista do Hospital de São João. Em conversa com Jorge Polónia, professor catedrático de Medicina Interna da Faculdade de Medicina do Porto, Pedro Von Hafe fez questão de desmistificar alguns dos mitos associados à intolerância às estatinas, afirmando que o efeito nocebo é um problema que vive “todos os dias” na prática clínica. “Está provado que há uma mortalidade acrescida quando se suspende esta terapêutica”, alerta o internista. 

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights