“A pandemia [de covid-19] trouxe a saúde mental para o espaço público e mediático, o que foi, apesar de tudo, importante. Até há pouco tempo, a saúde mental dizia respeito aos tolos, mas hoje a população tem noção que a saúde mental diz respeito a todos”, disse na audição do grupo de trabalho para a saúde mental na Assembleia da República.
Por isso, acrescentou, “está na altura de valorizar a saúde mental, que tem sido o parente pobre da medicina”, tendo por base o Programa Nacional para a Saúde Mental de modo a conduzir uma “reforma global a longo termo, modernizando o país neste assunto”.
“Temos que investir muito nos recursos humanos, criar redes de apoio e proximidade na comunidade que congreguem e agreguem um conjunto de atores como as IPSS, os órgãos de poder local e os cuidados de saúde primários”, frisou.
Os psiquiatras consideram que é necessário apostar, por um lado, na prevenção, através da criação “de condições no emprego, na escola e de vida que permitam um desenvolvimento harmonioso” e, por outro, na reabilitação porque “não há estruturas para isso e é necessário criá-las para que os doentes não sejam estigmatizados e ostracizados como até agora”.
António Reis Marques, em relação aos efeitos da pandemia de Covid-19 na população portuguesa, sublinhou que não alinha completamente “com os tons alarmistas e catastróficos de algumas análises”, tomando uma abordagem cautelosa que solicita estudos que permitam comprovar a situação.
“Sabemos que o impacto tem alguma dimensão, mas é assimétrico nas idades, nas regiões, nos acessos aos cuidados, no posicionamento socioeconómico… Mas todas as pessoas o sentiram através do medo e do receio justificado”, referiu.
LUSA/HN
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