Bolsonaro confirma conversa com deputado sobre Covaxin mas nega corrupção

25 de Junho 2021

O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, confirmou na quinta-feira ter-se encontrado em março com o deputado Luis Miranda, que tem denunciado supostas irregularidades nas negociações da vacina Covaxin, mas negou haver corrupção no seu Governo.

“Há essa onda toda aí: ‘Agora apanhámos o Governo Bolsonaro’, ‘corrupto’, ‘negociando vacina com 1.000% de sobrepreço’. Não vou entrar em muitos detalhes, não. Coisa tão ridícula. (…) Isso [conversa com Miranda] aconteceu em março. Quatro meses depois, ele resolve falar para desgastar o Governo? O que ele quer com isso?”, questionou Bolsonaro, na sua habitual transmissão em vídeo na rede social Facebook.

Na quarta-feira, o deputado federal Luis Miranda e o seu irmão Luis Ricardo Fernandes Miranda, que é funcionário do Ministério da Saúde brasileiro, divulgaram a meios de comunicação social que alertaram Bolsonaro pessoalmente sobre supostas irregularidades no contrato de compra da Covaxin, vacina contra o coronavírus desenvolvida pelo laboratório indiano Bharat Biotech.

“No dia 20 de março fui pessoalmente, com o servidor da Saúde, que é meu irmão, e levámos toda a documentação para ele [Bolsonaro]”, declarou o deputado Luis Claudio Miranda ao jornal Folha de S. Paulo.

Segundo o jornal Estado de S.Paulo, que teve acesso a documentos do Ministério das Relações Exteriores, o Governo brasileiro comprou a Covaxin por um preço 1.000% mais caro do que, seis meses antes, era anunciado pelo fabricante.

Por essa razão, parlamentares da oposição acusaram o Governo de corrupção, acusações negadas por Bolsonaro.

“Corrupção, pessoal? Não gastámos um centavo, não recebemos uma dose. Que corrupção é essa? Assim como o Luis Miranda esteve aqui, podia ligar para mim. (….) Foi uma coisa que aconteceu, mas ele não falou nada de corrupção em andamento. Passaram-se quatro, cinco meses depois que ele conversou comigo. Conversou, sim, não vou negar”, disse Bolsonaro.

O Governo brasileiro firmou um contrato no valor de 1,6 mil milhões de reais (cerca de 270 milhões de euros) para a aquisição de 20 milhões de doses da vacina indiana em 25 de fevereiro. Porém, os prazos previstos de entrega do produto estão atrasados e o órgão regulador do Brasil só aprovou no dia 04 de junho a sua importação com restrições.

A aquisição da Covaxin foi a única realizada pelo Governo do Brasil de forma indireta, ou seja, através de uma empresa intermediária, a Precisa Medicamentos.

A vacina também tem sido colocada em causa por ter sido a mais cara obtida pelo país.

“Vou deixar bem claro que, em março deste ano, os auditores do TCU [Tribunal de Contas da União] não viram indícios de sobrepreço na vacina Covaxin. (…) Se tiver roubalheira no meu Governo, num Ministério qualquer, pode haver, se Deus quiser não vai ter (…). A gente vai tomar as providências. (…) Vai ser apurado e com toda a certeza, quem buscou armar, vai-se dar mal”, frisou, na quinta-feira.

Na sua habitual transmissão no Facebook, Bolsonaro voltou a colocar em causa a eficácia da Coronavac, vacina da chinesa Sinovac, que é produzida em São Paulo, estado do seu rival político, João Doria.

“Vocês estão vendo que essa vacina, a Coronavac, está com problemas em alguns países do mundo, como por exemplo Chile, entre outros. No Brasil, não está sendo diferente”, disse o chefe do Executivo.

Bolsonaro disse ainda que os cidadãos já vacinados com a Coronavac e que, posteriormente, foram infetados, devem procurar o que chamou de “tratamento preventivo”, referindo-se a um conjunto de medicamentos sem eficácia contra a Covid-19, dos quais é um forte defensor.

Com 509.141 mortes e mais de 18,2 milhões de casos positivos, o Brasil, com 212 milhões de habitantes, é o país da América Latina mais atingido pela pandemia do novo coronavírus, o segundo no mundo com mais mortes devido à doença e o terceiro com mais infeções, atrás dos Estados Unidos e do Índia.

A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos 3.893.974 vítimas em todo o mundo, resultantes de mais de 179.516.790 casos de infeção diagnosticados oficialmente, segundo o balanço feito pela agência francesa AFP.

LUSA/HN

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